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VERSO 45

sainā-patyaṁ ca rājyaṁ ca
daṇḍa-netṛtvam eva ca
sarva lokādhipatyaṁ ca
veda-śāstra-vid arhati

sainā-patyam — posto de comandante-em-chefe; ca — e; rājyam­ — posto de governante do reino; ca — e; daṇḍa — governando; netṛtvam — liderança; eva — decerto; ca — e; sarva — toda; loka-adhipatyam — propriedade sobre o planeta; ca — e; veda-śāstra-vit — aquele que conhece o significado da literatura védica; arhati — merece.

Uma vez que somente alguém perfeitamente educado segundo os princípios do conhecimento védico merece ser comandante-em-chefe, governante do estado, alguém com poder de castigar e proprietário de todo o planeta, Pṛthu Mahārāja ofereceu tudo aos Kumāras.

SIGNIFICADO—Este verso afirma muito claramente que o reino, o estado ou o império precisam ser governados sob a orientação de pessoas santas e de brāhmaṇas como os Kumāras. Quando a monarquia dominava o mundo, o monarca era realmente orientado por uma junta de brāhmaṇas e pessoas santas. O rei, como administrador do estado, cumpria seus deveres assumindo a posição de servo dos brāhmaṇas. Não se pense que os reis ou brāhmaṇas eram dita­dores, tampouco eles se consideravam proprietários do estado. Os reis também eram versados nos textos védicos e assim era-lhes familiar o preceito da Śrī Īśopaniṣad: īśāvāsyam idaṁ sarvam – tudo o que existe pertence à Suprema Personalidade de Deus. Na Bhagavad-gītā, também, o Senhor Kṛṣṇa afirma ser proprietário de todos os sistemas planetários (sarva-loka-maheśvaram). Sendo assim, ninguém pode afirmar ser proprietário do estado. O rei, presidente ou líder do estado deve sempre lembrar-se de que não é o proprietário, mas sim servo.

Na era atual, o rei ou presidente esquece que é servo de Deus e se julga servo do povo. O atual regime democrático é considerado um governo do povo, pelo povo e para o povo, mas essa espécie de governo não é sancionada pelos Vedas. Os Vedas afirmam que o reino deve ser governado com o propósito de satisfazer a Suprema Personalidade de Deus, em razão do que deve ser administrado por um representante do Senhor. Não se deve apontar um líder de estado que careça de todo o conhecimento védico. Este verso afirma claramente (veda-śāstra-vid arhati) que todos os altos postos governamentais se destinam especialmente a pessoas versadas nos ensina­mentos dos Vedas. Nos Vedas, há instruções definidas, determinando como um rei, comandante-em-chefe, soldado e cidadão devem comportar-se. Infelizmente, existem muitos pretensos filósofos na era atual que dão instruções sem citar a autoridade, e muitos líderes seguem suas instruções desautorizadas. Consequentemente, as pessoas não são felizes.

A teoria moderna de comunismo dialético, apresentada por Karl Marx e seguida pelos governos comunistas, não é perfeita. Segundo o comunismo védico, ninguém pode passar fome no estado, em tempo algum. Atualmente, há muitas instituições falsas que coletam fundos do público com o objetivo de dar alimento às pessoas famintas, mas esses fundos são invariavelmente desviados. De acordo com as instruções védicas, o governo deve organizar as coisas de tal manei­ra que não haja possibilidade de fome. No Śrīmad-Bhāgavatam, afirma-se que um chefe de família deve cuidar para que mesmo um lagarto ou uma serpente não passem fome. Eles também devem ser alimentados. Na verdade, contudo, não há possibilidade de fome porque tudo é propriedade do Senhor Supremo, e Ele zela para que haja amplo suprimento de alimento para todos. Os Vedas (Kaṭha Upaniṣad 2.2.13) dizem: eko bahūnāṁ yo vidadhāti kāmān. O Senhor Supremo supre as necessidades vitais de todos, não havendo possibilidade de fome. Se alguém passa fome, isso se deve à má administração do dito governante, dirigente ou presidente.

Fica claro, portanto, que uma pessoa que não seja versada nos preceitos védicos (veda-śāstra-vit) não deve candidatar-se à eleição ao posto de presidente, governador etc. Outrora, os reis eram rāja­rṣis, significando que, embora servissem como reis, eles eram como pessoas santas porque não transgrediam nenhum dos preceitos das escrituras védicas e governavam sob a orientação de grandes pessoas santas e brāhmaṇas. De acordo com esse arranjo, os modernos pre­sidentes, governadores e altos funcionários executivos são todos indignos de seus postos porque não são versados no conhecimento administrativo védico e não recebem orientação de grandes pessoas santas e brāhmaṇas. Devido a sua desobediência às ordens dos Vedas e dos brāhmaṇas, o rei Vena, pai de Pṛthu Mahārāja, foi morto pelos brāhmaṇas. Portanto, Pṛthu Mahārāja sabia muito bem que era sua obrigação governar o planeta como servo das pessoas santas e dos brāhmaṇas.

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