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VERSO 46

svam eva brāhmaṇo bhuṅkte
svaṁ vaste svaṁ dadāti ca
tasyaivānugraheṇānnaṁ
bhuñjate kṣatriyādayaḥ

svam — próprias; eva — decerto; brāhmaṇaḥ — o brāhmaṇa; bhuṅkte — goza; svam — próprias; vaste — roupas; svam — próprias; dadāti — faz caridade; ca — e; tasya — sua; eva — decerto; anugraheṇa — pela misericórdia de; annam — grãos alimentícios; bhuñja­te — come; kṣatriya-ādayaḥ — outras classes sociais, lideradas pelos kṣatriyas.

Os kṣatriyas, vaiśyas e śūdras comem seu alimento em virtude da misericórdia dos brāhmaṇas. São os brāhmaṇas que gozam de suas próprias posses, vestem-se com suas próprias posses e fazem cari­dade com suas próprias posses.

SIGNIFICADO—A Suprema Personalidade de Deus é adorada com as palavras namo brāhmaṇya-devāya, indicativas de que o Senhor Supremo aceita os brāhmaṇas como deuses adoráveis. Todos adoram o Senhor Supremo; todavia, para ensinar aos outros, Ele adora os brāhmaṇas. Todos devem seguir as instruções dos brāhmaṇas, pois a única ocupação deles é difundir śabda-brahma, ou conhecimento védico, no mundo inteiro. Sempre que há escassez de brāhmaṇas para difundir o conhecimento védico, toda a sociedade humana torna-se caótica. Uma vez que os brāhmaṇas e os vaiṣṇavas são servos diretos da Suprema Personalidade de Deus, eles não depen­dem dos outros. Na realidade, tudo no mundo pertence aos brāhmaṇas, os quais, devido à sua humildade, aceitam caridade dos kṣatriyas, ou reis, e dos vaiśyas, ou comerciantes. Tudo pertence aos brāhmaṇas, mas o governo kṣatriya e a comunidade mercantil mantêm tudo sob custódia, como o fazem os banqueiros, e, sempre que os brāhmaṇas precisam de dinheiro, os kṣatriyas e os vaiśyas devem fornecê-lo. É como se fosse uma poupança cujo dinheiro o depositante possa sacar de acordo com sua vontade. Estando ocu­pados a serviço do Senhor, os brāhmaṇas têm pouquíssimo tempo para administrar as finanças do mundo, daí as riquezas serem guardadas pelos kṣatriyas, ou reis, que devem produzir dinheiro de acordo com as necessidades dos brāhmaṇas. Na verdade, os brāh­maṇas e os vaiṣṇavas não vivem à custa alheia; eles vivem gastando seu próprio dinheiro, embora pareça que estejam coletando esse dinheiro dos outros. Os kṣatriyas e os vaiśyas não têm o direito de fazer caridade, pois tudo o que possuem pertence aos brāhmaṇas. Portanto, os kṣatriyas e os vaiśyas devem fazer caridade sob a orientação dos brāhmaṇas. Infelizmente, no momento atual, há escassez de brāhmaṇas, e, como os ditos kṣatriyas e vaiśyas não executam as ordens dos brāhmaṇas, o mundo está em uma condição caótica.

A segunda linha deste verso indica que os kṣatriyas, os vaiśyas e os śūdras comem apenas em virtude da misericórdia dos brāhmaṇas; em outras palavras, eles não devem comer nada que os brāhmaṇas proíbam. Os brāhmaṇas e os vaiṣṇavas sabem o que comer e, através de seu exemplo pessoal, não comem nada que não tenha sido primeiramente oferecido à Suprema Personalidade de Deus. Eles só comem prasāda, ou os restos dos alimentos oferecidos ao Senhor. Os kṣatriyas, os vaiśyas e os śūdras devem comer apenas kṛṣṇa-prasāda, que lhes é concedida pela misericórdia dos brāhmaṇas. Eles não podem abrir matadouros e comer carne, peixe ou ovos, ou beber bebidas alcoólicas, ou ganhar dinheiro para esse propósito, sem autorização. Na era atual, como a sociedade não se conduz pela instrução bramânica, toda a população está absorta apenas em atividades pecaminosas. Em decorrência disso, todos estão sendo merecidamente punidos pelas leis da natureza. Eis a situação nesta era de Kali.

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