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VERSO 12

chinnānya-dhīr adhigatātma-gatir nirīhas
tat tatyaje ’cchinad idaṁ vayunena yena
tāvan na yoga-gatibhir yatir apramatto
yāvad gadāgraja-kathāsu ratiṁ na kuryāt

chinna — separando-se; anya-dhīḥ — todos os demais conceitos de vida (o conceito corpóreo de vida); adhigata — estando firmemente convencido; ātma-gatiḥ — a meta última da vida espiritual; nirīhaḥ — sem desejo; tat — isto; tatyaje — abandonou; acchinat — cortara; idam — isto; vayunena — com o conhecimento; yena — pelo qual; tāvat — tanto tempo; na — jamais; yoga-gatibhiḥ — a prática do sis­tema de yoga místico; yatiḥ — o praticante; apramattaḥ — sem qualquer ilusão; yāvat — tanto tempo; gadāgraja — de Kṛṣṇa; kathā­su — palavras; ratim — atração; na — jamais; kuryāt — fazem-no.

Ao livrar-se inteiramente do conceito corpóreo de vida, Mahārāja Pṛthu percebeu o Senhor Kṛṣṇa sentado no coração de todos como o Paramātmā. Sendo assim capaz de receber todas as instruções dEle, abandonou todas as outras práticas de yoga e jñāna. Não estava sequer interessado na perfeição dos sistemas de yoga e jñāna, pois compreendeu plenamente que o serviço devocional a Kṛṣṇa é a meta última da vida e que, a menos que os yogīs e os jñānīs se atraiam por Kṛṣṇa-kathā [narrações sobre Kṛṣṇa], suas ilusões con­cernentes à existência jamais poderão ser dissipadas.

SIGNIFICADO—Enquanto alguém estiver demasiadamente absorto no conceito corpóreo de vida, ele se interessa por muitos diferentes processos de autorrealização, tais como o sistema de yoga místico ou o sistema que utiliza os métodos especulativos empíricos. Entretanto, quem entende que a meta última da vida é aproximar-se de Kṛṣṇa percebe Kṛṣṇa dentro do coração de todos e, portanto, ajuda a todos que estejam interessados em consciência de Kṛṣṇa. Na verdade, a perfeição de nossa vida depende de nossa inclinação por ouvir sobre Kṛṣṇa. Por isso, menciona-se neste verso, yāvad gadāgraja-kathāsu ratiṁ na kuryāt: sem se interessar por Kṛṣṇa, por Seus passatem­pos e atividades, não há possibilidade de liberação por meio da prática de yoga ou de conhecimento especulativo.

Tendo alcançado a fase de devoção, Mahārāja Pṛthu perdeu inte­resse pelas práticas de jñāna e yoga e as abandonou. Essa é a fase de vida devocional pura descrita por Rūpa Gosvāmī:

anyābhilāṣitā-śūnyaṁ
jñāna-karmādy-anāvṛtam
ānukūlyena kṛṣṇānu-
śīlanaṁ bhaktir uttamā

Verdadeiro jñāna significa entender que a entidade viva é serva eterna do Senhor. Alcança-se esse conhecimento após muitos e muitos nascimentos, como se confirma na Bhagavad-gītā (7.19): bahūnāṁ janmanām ante jñānavān māṁ prapadyate. Na fase de vida paramahaṁsa, compreende-se plenamente que Kṛṣṇa é tudo: vāsudevaḥ sarvam iti sa mahātmā sudurlabhaḥ. Quem compreende plenamente que Kṛṣṇa é tudo e que a consciência de Kṛṣṇa é a perfeição máxima da vida torna-se um paramahaṁsa, ou mahātmā. É muito raro encontrar semelhante mahātmā ou paramahaṁsa. O paramahaṁsa, ou devoto puro, jamais se sente atraído por haṭha­-yoga ou por um conhecimento especulativo. Ele está simplesmente interessado no imaculado serviço devocional ao Senhor. Às vezes, uma pessoa anteriormente viciada na prática desses processos tenta executar serviço devocional e as práticas de jñāna e yoga ao mesmo tempo, mas, tão logo chegue à fase imaculada de serviço devocional, é capaz de abandonar todos os demais métodos de autorrealização. Em outras palavras, quando alguém compreende firmemente que Kṛṣṇa é a meta suprema, já não sente atração pela prática de yoga mística ou pelos métodos de conhecimento especulativo e empírico.

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