VERSO 34
namaḥ paṅkaja-nābhāya
bhūta-sūkṣmendriyātmane
vāsudevāya śāntāya
kūṭa-sthāya sva-rociṣe
namaḥ — todas as reverências a Vós; paṅkaja-nābhāya — à Suprema Personalidade de Deus, de cujo umbigo brota a flor de lótus; bhūta-sūkṣma — os objetos dos sentidos; indriya — os sentidos; ātmane — a origem; vāsudevāya — ao Senhor Vāsudeva; śāntāya — sempre pacífico; kūṭa-sthāya — sem Se transformar; sva-rociṣe — à iluminação suprema.
Meu Senhor, sois a origem da criação em virtude da flor de lótus que brota de Vosso umbigo. Sois o controlador supremo dos sentidos e dos objetos dos sentidos, e também sois o Vāsudeva onipenetrante. Sois muito pacífico, e, devido a Vossa existência autoiluminada, as seis classes de transformações não Vos perturbam.
SIGNIFICADO––O Senhor, como Garbhodakaśāyī Viṣṇu, está deitado no oceano de Garbha dentro deste universo, e a flor de lótus brota de Seu umbigo. O senhor Brahmā é gerado dessa flor de lótus e, com o senhor Brahmā, começa a criação deste mundo material. Sendo assim, a Suprema Personalidade de Deus, Garbhodakaśāyī Viṣṇu, é a origem dos sentidos materiais e dos objetos dos sentidos. Uma vez que o senhor Śiva se considera um dos produtos do mundo material, seus sentidos estão sob o controle do criador supremo. O Senhor Supremo também é conhecido como Hṛṣīkeśa, senhor dos sentidos, o que indica que nossos sentidos e objetos dos sentidos são formados pelo Senhor Supremo. Sendo assim, Ele pode controlar nossos sentidos e, por Sua misericórdia, ocupar-nos a serviço do senhor dos sentidos. No estado condicionado, a entidade viva luta neste mundo material e ocupa seus sentidos em busca de uma satisfação material. Contudo, se a entidade viva recebe a graça da Suprema Personalidade de Deus, pode ocupar esses mesmos sentidos a serviço do Senhor. O senhor Śiva não deseja ser desorientado pelos sentidos materiais, mas sim ocupar-se sempre a serviço do Senhor sem estar sujeito à contaminação de influências materialistas. Pela graça e auxílio do Senhor Vāsudeva, que é onipenetrante, uma pessoa pode ocupar seus sentidos em serviço devocional sem desvios, assim como o Senhor age sem desvios.
As palavras śāntāya kūṭa-sthāya sva-rociṣe são muito significativas. Embora o Senhor esteja dentro deste mundo material, as ondas da existência material não O perturbam. Entretanto, as almas condicionadas são agitadas pelas seis classes de transformações, a saber, elas ficam agitadas quando têm fome, quando têm sede, quando estão aflitas, quando estão iludidas, quando envelhecem e quando estão à beira da morte. Embora as almas condicionadas se deixem iludir facilmente por essas condições existentes no mundo material, a Suprema Personalidade de Deus, como a Superalma, Vāsudeva, jamais Se agita com essas transformações. Portanto, declara-se nesta passagem (kūṭa-sthāya) que Ele é sempre pacífico e desprovido de agitação devido a Seu poder, o qual é descrito aqui como sva-rociṣe, indicando que Ele é iluminado por Sua própria posição transcendental. Em outras palavras, a alma individual, embora esteja dentro da iluminação do Supremo, às vezes cai dessa iluminação devido à sua posição diminuta e, ao cair, entra na vida material condicionada. O Senhor, contudo, não está sujeito a semelhante condicionamento; portanto, Ele é descrito como autoiluminado. Em decorrência disso, qualquer alma condicionada dentro deste universo material pode permanecer completamente perfeita quando está sob a proteção de Vāsudeva, ou quando está ocupada em serviço devocional.