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VERSO 36

namo namo ’niruddhāya
hṛṣīkeśendriyātmane
namaḥ paramahaṁsāya
pūrṇāya nibhṛtātmane

namaḥ — todas as minhas reverências a Vós; namaḥ — repetidas reverências; aniruddhāya — ao Senhor Aniruddha; hṛṣīkeśa — o senhor dos sentidos; indriya-ātmane — o diretor dos sentidos; namaḥ — ­todas as reverências a Vós; parama-haṁsāya — ao perfeito supremo; pūrṇāya — ao supremo completo; nibhṛta-ātmane — que está situado à parte desta criação material.

Meu Senhor, como a suprema Deidade diretora conhecida como Aniruddha, sois o senhor dos sentidos e da mente. Portanto, ofereço-Vos repetidamente minhas reverências. Sois conhecido como Ananta e como Saṅkarṣaṇa devido à Vossa capacidade de destruir toda a criação com o fogo abrasador de Vossa boca.

SIGNIFICADO––Hṛṣīkeśendriyātmane. A mente é a diretora dos sentidos, e o Senhor Aniruddha é o diretor da mente. Para prestar serviço devocional, é preciso fixar a mente nos pés de lótus de Kṛṣṇa; por­tanto, o senhor Śiva ora ao controlador da mente, o Senhor Ani­ruddha, pedindo que faça a bondade de ajudá-lo a ocupar sua mente aos pés de lótus do Senhor. Afirma-se na Bhagavad-gītā (9.34): man-manā bhava mad-bhakto mad-yājī māṁ namaskuru. A fim de prestar serviço devocional, é preciso ocupar a mente em meditação aos pés de lótus do Senhor. Afirma-se, também, na Bhagavad-gītā (15.15) que mattaḥ smṛtir jñānam apohanaṁ ca: a partir do Senhor, vêm a lembrança, o conhecimento e o esquecimento. Assim, caso agrademos ao Senhor Aniruddha, Ele pode nos ajudar a ocupar a mente a serviço do Senhor. Indica-se também neste verso que o Senhor Aniruddha é o deus do Sol, em virtude de Suas expansões. Uma vez que a Deidade predominante do Sol é uma expansão do Senhor Aniruddha, o senhor Śiva também ora ao deus do Sol neste verso.

Através de Sua expansão quádrupla (Vāsudeva, Saṅkarṣ aṇa, Pradyumna e Aniruddha), o Senhor Kṛṣṇa é o Senhor da ação psíquica – a saber, pensar, sentir, desejar e agir. O senhor Śiva ora ao Senhor Aniruddha sob Sua forma de deus do Sol, o qual é a Deidade controladora dos elementos materiais externos que consti­tuem a estrutura do corpo material. Segundo Śrīla Viśvanātha Cakravartī Ṭhākura, a palavra paramahaṁsa é outro nome do deus do Sol. Nesta passagem, o deus do Sol é chamado de nibhṛtātmane, indicando que ele sempre mantém os diversos planetas manipu­lando a queda d’água. O deus do Sol evapora a água dos mares e oceanos e então transforma a água em nuvens, distribuindo-a sobre a terra. Havendo suficiente queda d’água, produzem-se cereais, e esses cereais mantêm as entidades vivas em todo e cada planeta. Neste verso, o deus do Sol também é chamado de pūrṇa, ou completo, porque os raios que emanam do Sol não têm fim. Há milhões e milhões de anos desde a criação deste universo, o deus do Sol vem fornecendo calor e luz sem diminuição. A palavra paramahaṁsa se aplica a pessoas que são inteiramente limpas. Havendo suficiente brilho do Sol, a mente permanece clara e transparente – em outras palavras, o deus do Sol ajuda a mente da entidade viva a situar-se na plataforma de paramahaṁsa. Por isso, o senhor Śiva ora a Aniruddha para que seja bondoso com ele de modo que sua mente se mantenha sempre em um estado perfeito de limpeza e ocupada sempre em serviço devocional ao Senhor. Assim como o fogo esteriliza todas as coisas impuras, o deus do Sol também mantém tudo esterilizado, especialmente as sujeiras armazenadas na mente, capacitando-nos, assim, a alcançar a elevação à plataforma de com­preensão espiritual.

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