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VERSO 4

yadā jighṛkṣan puruṣaḥ
kārtsnyena prakṛter guṇān
nava-dvāraṁ dvi-hastāṅghri
tatrāmanuta sādhv iti

yadā — quando; jighṛkṣan — desejando desfrutar; puruṣaḥ — a entidade viva; kārtsnyena — totalmente; prakṛteḥ — da natureza material; guṇān — os modos; nava-dvāram — tendo nove portões; dvi — duas; hasta — mãos; aṅghri — pernas; tatra — ali; amanuta — ela pensou; sādhu — ótimo; iti — assim.

Desejando desfrutar dos modos da natureza material em sua totalidade, a entidade viva prefere, dentre muitas formas corpóreas, aceitar o corpo que tem nove portões, duas mãos e duas pernas. Assim, ela prefere tornar-se um ser humano ou um semideus.

SIGNIFICADO—Esta é uma ótima explicação de como o ser espiritual, a parte integrante de Kṛṣṇa, Deus, aceita um corpo material em virtude de seus próprios desejos. Aceitando duas mãos, duas pernas e assim por diante, a entidade viva desfruta plenamente dos modos da natureza material. O Senhor Kṛṣṇa diz na Bhagavad-gītā (7.27):

icchā-dveṣa-samutthena
dvandva-mohena bhārata
sarva-bhūtāni sammohaṁ
sarge yānti parantapa

“Ó descendente de Bharata (Arjuna), ó vencedor do inimigo, todas as entidades vivas nascem em ilusão, confundidas pelas dualidades surgidas do desejo e do ódio.”

Originalmente, a entidade viva é um ser espiritual, mas, quando ela realmente deseja desfrutar deste mundo material, ela cai. A partir deste verso, podemos entender que a entidade viva aceita primeiramente um corpo de forma humana, mas, aos poucos, devido a suas atividades degradadas, ela cai em formas inferiores de vida – nas formas animais, de plantas e de seres aquáticos. Através do processo gra­dual de evolução, a entidade viva reobtém o corpo de um ser humano e recebe outra oportunidade de escapar do processo de transmigração. Se ela outra vez perde sua oportunidade de entender sua posição na forma humana, é posta de novo no ciclo de nasci­mentos e mortes em várias classes de corpos.

O desejo da entidade viva de vir ao mundo material não é muito difícil de ser compreendido. Mesmo que alguém nasça em família de arianos, onde atividades como comer carne, intoxicar-se, praticar jogos de azar e fazer sexo ilícito são proibidas, ele pode desejar gozar dessas coisas proibidas. Sempre existe alguém a procurar uma prostituta em busca de sexo ilícito ou um hotel para comer carne e beber vinho. Sempre existem pessoas que desejam apostar em cassinos ou desfrutar de ditos passatempos. Todas essas propen­sões já estão dentro do coração das entidades vivas, mas certas entidades vivas decidem desfrutar dessas atividades abomináveis, em consequência do que caem para uma plataforma degradada. Quanto mais alguém deseja uma vida degradada dentro de seu coração, mais ele cai, sendo obrigado a ocupar diferentes formas abomináveis de existência. Esse é o processo de transmi­gração e evolução. Pode ser que uma espécie de animal em particular tenha uma forte tendência a desfrutar de uma classe de gozo dos sentidos, mas, sob a forma humana, pode-se gozar de todos os sentidos. A forma humana nos proporciona a oportunidade de uti­lizar todos os sentidos em busca do prazer. A menos que sejamos devidamente treinados, tornamo-nos vítimas dos modos da natureza material, segundo confirma a Bhagavad-gītā (3.27):

prakṛteḥ kriyamāṇāni
guṇaiḥ karmāṇi sarvaśaḥ
ahaṅkāra-vimūḍhātmā
kartāham iti manyate

“A alma espiritual confusa, soba influência dos três modos da natureza material, julga-se autora de atividades que, na realidade, são realizadas pela natureza.” Tão logo alguém deseje gozar de seus sentidos, cai sob o controle da energia material e, de forma automática, ou mecânica, é posto no círculo de nascimentos e mortes em várias formas de vida.

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