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VERSO 56

rājovāca
śrutam anvīkṣitaṁ brahman
bhagavān yad abhāṣata
naitaj jānanty upādhyāyāḥ
kiṁ na brūyur vidur yadi

rājā uvāca — o rei disse; śrutam — foi ouvido; anvīkṣitam — foi considerado; brahman — ó brāhmaṇa; bhagavān — o poderosíssimo; gat — o qual; abhāṣata — falastes; na — não; etat — isto; jānanti — conhecem; upādhyāyāḥ — os mestres de atividades fruitivas; kim — por que; na brūyuḥ — não instruíram; viduḥ — compreenderam; yadi — caso.

O rei respondeu: Meu querido brāhmaṇa, ouvi com grande aten­ção tudo o que dissestes e, considerando tudo isso, cheguei à con­clusão de que os ācāryas [mestres] que me ocuparam em atividades fruitivas ignoravam esse conhecimento confidencial. Se o tinham, por que não me explicaram?

SIGNIFICADO—De fato, os pretensos professores ou líderes da sociedade material não conhecem a verdadeira meta da vida. A Bhagavad-gītā os des­creve como māyayāpahṛta jñānāḥ. Eles parecem estudiosos muito eruditos, mas, na verdade, a influência da energia ilusória roubou­-lhes o conhecimento. Verdadeiro conhecimento significa buscar Kṛṣṇa. Vedaiś ca sarvair aham eva vedyaḥ. Todo o conhecimento védico destina-se a buscar Kṛṣṇa, porque Kṛṣṇa é a origem de tudo (janmādy asya yataḥ). Na Bhagavad-gītā (10.2), Kṛṣṇa diz que aham ādir hi devānāṁ: “Eu sou a fonte dos semideuses.” Assim, Kṛṣṇa é a origem e o início de todos os semideuses, incluindo o senhor Brahmā, o senhor Śiva e todos os demais. Nas cerimônias ritualísticas védi­cas, a preocupação é satisfazer diferentes semideuses, mas, a menos que alguém seja muito avançado, ele não poderá entender que a personalidade original é Śrī Kṛṣṇa (govindam ādi-purusāṁ tam ahaṁ bhajāmi). Após ouvir as instruções de Nārada, o rei Barhiṣmān voltou à razão. A verdadeira meta da vida é alcançar o serviço devo­cional à Suprema Personalidade de Deus. O rei, portanto, decidiu rejeitar as pretensas ordens sacerdotais que simplesmente ocupam seus seguidores em cerimônias ritualísticas sem dar instruções efi­cazes sobre a meta da vida. No momento atual, as igrejas, templos e mesquitas em todo o mundo não exercem atração sobre as pessoas porque sacerdotes tolos não são capazes de elevar seus seguidores à plata­forma de conhecimento. Ignorando a verdadeira meta da vida, eles simplesmente mantêm suas comunidades em ignorância. Em conse­quência disso, as pessoas instruídas perderam o interesse pelas ceri­mônias ritualísticas. Por outro lado, elas não se beneficiam do ver­dadeiro conhecimento. Este movimento para a consciência de Kṛṣṇa, portanto, é de grande importância para a iluminação de todas as classes sociais. Seguindo os passos de Mahārāja Barhiṣmān, todos devem aproveitar-se deste movimento para a consciência de Kṛṣṇa e abandonar as estereotipadas cerimônias ritualísticas que se fazem passar por muitas religiões. Os Gosvāmīs, desde o início, discorda­vam da classe sacerdotal ocupada em cerimônias ritualísticas. Na verdade, Śrīla Sanātana Gosvāmī compilou seu Hari-bhakti-vilāsa para a orientação dos vaiṣṇavas. Os vaiṣṇavas, não se importando com as atividades sem vida das classes sacerdotais, adotam a consciência de Kṛṣṇa plena e se tornam perfeitos nesta mesma vida. Descreveu-se isso no verso anterior como paramahaṁsa-śaraṇam: refugiar-se no paramahaṁsa, a alma liberada, e tornar-se exitoso nesta vida.

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