VERSO 20
navyavad dhṛdaye yaj jño
brahmaitad brahma-vādibhiḥ
na muhyanti na śocanti
na hṛṣyanti yato gatāḥ
navya-vat — cada vez mais viçoso; hṛdaye — no coração; yat — como; jñaḥ — o conhecedor supremo, Paramātmā; brahma — Brahman; etat — isto; brahma-vādibhiḥ — pelos advogados da Verdade Absoluta; na — nunca; muhyanti — ficam confusos; na — nunca; śocanti — se lamentam; na — jamais; hṛṣyanti — são jubilosos; yataḥ — quando; gatāḥ — tiverem alcançado.
Ocupando-se sempre em atividades de serviço devocional, os devotos se sentem cada vez mais viçosos e renovados em todas as suas atividades. O ser onisciente, a Superalma dentro do coração do devoto, faz com que tudo se revigore cada vez mais. Os defensores da Verdade Absoluta conhecem isso como a posição Brahman. Nessa fase liberada [brahma-bhūta], ninguém fica confuso, em tempo algum. Tampouco se lamenta ou se torna desnecessariamente jubiloso. Isso se deve à situação brahma-bhūta.
SIGNIFICADO—O devoto é inspirado pela Superalma dentro do coração a avançar em serviço devocional de várias maneiras. O devoto não se sente trivial ou estereotipado, nem sente estar em uma posição estagnada. No mundo material, se alguém se põe a cantar um nome material, sente-se cansado após cantá-lo algumas vezes. Contudo, podemos cantar o mahā-mantra Hare Kṛṣṇa o dia todo e a noite toda e jamais nos sentiremos cansados. Quanto mais se canta, mais o canto se renova. Śrīla Rūpa Gosvāmī dizia que, se pudesse, de alguma forma, ter milhões de ouvidos e línguas, ele poderia saborear, então, a bem-aventurança espiritual do cantar do mahā-mantra Hare Kṛṣṇa. Na verdade, não há nada desestimulador para um devoto altamente avançado. Na Bhagavad-gītā, o Senhor diz estar situado no coração de todos, ajudando a entidade viva a esquecer e a lembrar. É pela graça do Senhor que o devoto obtém inspiração.
teṣāṁ satata-yuktānāṁ
bhajatāṁ prīti-pūrvakam
dadāmi buddhi-yogaṁ taṁ
yena mām upayānti te
“Aos que se dedicam constantemente a Mim e Me adoram com amor, Eu dou a compreensão com a qual eles podem vir a Mim.” (Bhagavad-gītā 10.10)
Como se afirma (kuśala-karmaṇām), aqueles que se dedicam a atividades piedosas de serviço devocional são orientados pela Superalma, descrita neste verso como jña, ou seja, a conhecedora de tudo, no passado, no presente e no futuro. A Superalma dá instruções ao devoto sincero e imaculado sobre como ele pode progredir cada vez mais no processo de aproximar-se da Suprema Personalidade de Deus. A esse respeito, Śrīla Jīva Gosvāmī diz que a Superalma, a expansão plenária da Suprema Personalidade de Deus, existe no coração de todos, mas, no coração do devoto, Ele Se revela como cada vez mais viçoso. Sendo inspirado por Ele, o devoto experimenta crescente bem-aventurança transcendental no cumprimento de seu serviço devocional.