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VERSO 78

ādhāraṁ mahad-ādīnāṁ
pradhāna-puruṣeśvaram
brahma dhārayamāṇasya
trayo lokāś cakampire

ādhāram — repouso; mahat-ādīnām — da soma total da matéria conhecida como mahat-tattva; pradhāna — o principal; puruṣa-īśvaram — senhor de todas as entidades vivas; brahma — o Brahman Supremo, a Personalidade de Deus; dhārayamāṇasya — tendo tomado em seu coração; trayaḥ — os três sistemas planetários; lokāḥ — todos os planetas; cakampire — começaram a tremer.

Quando Dhruva Mahārāja atraiu assim a Suprema Personalidade de Deus, que é o refúgio da totalidade da criação material e que é o mestre de todas as entidades vivas, os três mundos começaram a tremer.

SIGNIFICADO­—Neste verso, a palavra brahma, em particular, é muito significativa. Brahman refere-se àquele que é não somente o maior, mas também tem a potência de expandir-se ilimitadamente. Como foi possível que Dhruva Mahārāja cativasse o Brahman dentro de seu coração? Essa pergunta foi muito bem respondida por Jīva Gosvāmī. Ele diz que a Suprema Personalidade de Deus é a origem do Brahman, pois, uma vez que Ele abrange tudo que é material e espiritual, não pode haver nada maior do que Ele. Na Bhagavad-gītā, também, a Divindade Suprema diz: “Eu sou o lugar de repouso do Brahman.” Muitas pessoas, especialmente os filósofos māyāvādīs, consideram o Brahman a substância maior e mais expandida, mas, de acordo com este verso e outros textos védicos, tais como a Bhagavad-gītā, o lugar de repouso do Brahman é a Suprema Personalidade de Deus, assim como o lugar de repouso do brilho solar é o globo do Sol. Śrīla Jīva Gosvāmī, portanto, diz que, como a forma transcendental do Senhor é a semente de toda a grandeza, Ele é o Brahman Supremo. Uma vez que o Brahman Supremo estava situado no coração de Dhruva Mahārāja, este se tornou mais pesado do que o mais pesado, de modo que tudo tremeu em todos os três mundos e no mundo espiritual.

O mahat-tattva, ou o somatório da criação material, deve ser compreendido como o fim último de todos os universos, incluindo todas as entidades vivas dentro deles. O Brahman é o refúgio do mahat-tattva que inclui todas as entidades materiais e espirituais. Descreve-se a esse respeito que o Brahman Supremo, a Personalidade de Deus, é o mestre tanto do pradhāna quanto do puruṣa. Pradhāna significa matéria sutil, como, por exemplo, o éter. Puruṣa significa as entidades vivas – centelhas espirituais que estão emaranhadas nesta existência material sutil. Outra descrição que se pode dar a esses elementos é parā prakṛti e aparā prakṛti, conforme declara a Bhagavad-gītā. Kṛṣṇa, sendo o controlador de ambas as prakṛtis, é, deste modo, o mestre de pradhāna e puruṣa. Nos hinos védicos, também, o Brahman Supremo é descrito como antaḥ-praviṣṭaḥ śāstā. Isso indica que a Suprema Personalidade de Deus controla tudo e entra em tudo. A Brahma-saṁhitā (5.35) reconfirma isso. Aṇḍāntara-stha-paramāṇu-cayāntara-stham: Ele entra, não somente nos universos, mas também no próprio átomo. Além disso, na Bhagavad-gītā (10.42), Kṛṣṇa diz: viṣṭabhyāham idam kṛtsnam. A Suprema Personalidade de Deus controla tudo penetrando em tudo. Associando-se constantemente com a Personalidade Suprema em seu coração, Dhruva Mahārāja naturalmente se tornou igual ao maior, o Brahman, por Sua associação, em consequência do que se tornou o mais pesado, e todo o universo tremeu. Em conclusão, uma pessoa que sempre se concentra na forma transcendental de Kṛṣṇa dentro de seu coração pode muito facilmente assombrar o mundo inteiro com suas atividades. Eis a perfeição da prática de yoga, como se confirma na Bhagavad-gītā (6.47). Yoginām api sarveṣām: de todos os yogīs, o bhakti-yogī, que pensa em Kṛṣṇa sempre dentro de seu coração e se ocupa em Seu transcendental serviço amoroso, é o mais elevado. Yogīs comuns podem manifestar maravilhosas atividades materiais, conhecidas como aṣṭa-siddhi, oito tipos de perfeições ióguicas, mas um devoto puro do Senhor pode superar essas perfeições, executando atividades que podem fazer o universo inteiro tremer.

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