No edit permissions for Português

VERSO 24

anvaya-vyatirekeṇa
vivekenośatātmanā
svarga-sthāna-samāmnāyair
vimṛśadbhir asatvaraiḥ

anvaya — diretamente; vyatirekeṇa — e indiretamente; vivekena — pelo discernimento maduro; uśatā — purificada; ātmanā — com a mente; svarga — criação; sthāna — manutenção; samāmnāyaiḥ — e com a destruição; vimṛśadbhi — por aqueles que fazem uma análise rigorosa; asat-varaiḥ — muito sóbrios.

É por meio de mentes purificadas – através do estudo analítico que esclarece a conexão existente entre a alma e tudo o que se submete à criação, manutenção e destruição e a diferença entre eles – que as pessoas sóbrias e hábeis devem investigar a alma espiritual.

SIGNIFICADO—Quem é sensato pode estudar a si próprio e, através do estudo analítico, distinguir entre a alma e o corpo. Por exemplo, quando alguém toma como referência seu corpo – sua cabeça, suas mãos e assim por diante –, decerto pode entender a diferença entre a alma espiritual e o corpo. Ninguém diz: “Eu cabeça.” Todos dizem: “Minha cabeça.” Portanto, existem duas entidades – a cabeça e “eu”. Eles não são idênticos, embora pareçam ser um só aglomerado.

Pode-se argumentar: “Ao analisarmos o corpo, encontramos cabeça, mãos, pernas, estômago, sangue, ossos, urina, excremento e assim por diante, mas, depois de esmiuçarmos tudo, onde vamos encontrar a alma?” Entretanto, o homem sensato se guia pela seguinte instrução védica:

yato vā imāni bhūtāni jāyante; yena jātāni jīvanti; yat prayanty abhisaṁviśanti; tad vijijñāsasva; tad brahmeti. (Taittirīya Upaniṣad 3.1.1)

Assim, ele pode entender que a cabeça, as mãos, as pernas e, na verdade, todo o corpo se desenvolveu graças à alma. Se a alma estiver dentro, o corpo, a cabeça, as mãos e as pernas crescerão, mas, estando ela ausente, nada disso acontecerá. Uma criança morta não cresce, pois a alma não está presente. Se, mesmo através de uma meticulosa análise do corpo, uma pessoa não consegue comprovar a existência da alma, atribui-se isso à sua ignorância. Como um homem rude plenamente ocupado em atividades materiais poderia entender a alma, que é uma pequena partícula de espírito, cujo tamanho é um décimo de milésimo da ponta de um fio de cabelo? Tal pessoa pensa tolamente que o corpo material cresceu sob o impulso de uma combinação de elementos químicos, embora não lhe seja possível descobri-los. Entretanto, os Vedas nos informam que as combinações químicas não constituem a força vital; a força vital é o ātmā e o Paramātmā, e o corpo cresce com base nessa força vital. O fruto da árvore cresce e se submete a seis classes de mudanças devido à presença da árvore. Se não houvesse a árvore, não haveria possibilidade de o fruto crescer e amadurecer. Portanto, além da existência do corpo, estão o Paramātmā e o ātmā dentro do corpo. É essa a primeira instrução espiritual encontrada na Bhagavad-gītā. Dehino ’smin yathā dehe. O corpo existe devido à presença do Senhor Supremo e da jīva, que é parte do Senhor. Na Bhagavad-gītā (9.4), o próprio Senhor continua explicando este assunto:

mayā tatam idaṁ sarvaṁ
jagad avyakta-mūrtinā
mat-sthāni sarva-bhūtāni
na cāhaṁ teṣv avasthitaḥ

“Sob Minha forma imanifesta, Eu penetro todo este universo. Todos os seres estão em Mim, mas não estou neles.” A Alma Suprema existe em toda parte. Os Vedas declaram que sarvaṁ khalv idaṁ brahma: tudo é Brahman ou uma expansão das energias do Brahman. Sūtre maṇi-gaṇā iva: tudo repousa no Senhor, como pérolas ensartadas em um cordão. O cordão é o Brahman principal. Ele é a causa suprema, o Senhor Supremo em quem tudo repousa (mattaḥ parataraṁ nānyat). Portanto, devemos estudar o ātmā e o Paramātmā – a alma individual e a Superalma – em quem repousa toda a manifestação cósmica material. Explica isso a seguinte afirmação védica: yato vā imāni bhūtāni jāyante; yena jātāni jīvanti.

« Previous Next »