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VERSOS 30-31

guru-śuśrūṣayā bhaktyā
sarva-labdhārpaṇena ca
saṅgena sādhu-bhaktānām
īśvarārādhanena ca

śraddhayā tat-kathāyāṁ ca
kīrtanair guṇa-karmaṇām
tat-pādāmburuha-dhyānāt
tal-liṅgekṣārhaṇādibhiḥ

guru-śuśrūṣayā — prestando serviço ao mestre espiritual fidedigno; bhaktyā — com fé e devoção; sarva — todos; labdha — dos ganhos materiais; arpaṇena — oferecendo (ao guru, ou a Kṛṣṇa, através do mestre espiritual); ca — e; saṅgena — mediante a associação; sādhu-bhaktānām — com os devotos e pessoas santas; īśvara — à Suprema Personalidade de Deus; ārādhanena — pela adoração; ca — e; śraddhayā — com muita fé; tat-kathāyām — em conversas referentes ao Senhor; ca — e; kīrtanaiḥ — pela glorificação; guṇa-karmaṇām — das qualidades e atividades transcendentais do Senhor; tat — Seus; pāda-amburuha — nos pés de lótus; dhyānāt — pela meditação; tat — Suas; liṅga — formas (Deidades); īkṣa — observando; arhaṇa-ādibhiḥ — e adorando.

Deve-se aceitar um mestre espiritual fidedigno e lhe prestar serviço com muita fé e devoção. Tudo o que alguém mantenha em sua posse deve ser oferecido ao mestre espiritual, e, na companhia de pessoas santas e de devotos, ele deve adorar o Senhor, ouvir as glórias do Senhor com fé, glorificar as qualidades e atividades transcendentais do Senhor, meditar sempre nos pés de lótus do Senhor e adorar a Deidade do Senhor estritamente de acordo com os preceitos do śāstra e do guru.

SIGNIFICADO—No verso anterior, declarou-se que o processo que imediatamente intensifica nosso amor e afeição pela Suprema Personalidade de Deus é, entre muitas milhares de maneiras, a melhor forma de nos livrarmos do enredamento que nos prende à existência material. Também se afirma que dharmasya tattvaṁ nihitaṁ guhāyām: a verdade dos princípios religiosos é extremamente confidencial. Entretanto, ela pode ser entendida muito facilmente por aquele que adota de fato os princípios da religião. Afirma-se que dharmaṁ tu sākṣād bhagavat-praṇītam: o processo de religião é enunciado pelo Senhor Supremo porque Ele é a autoridade suprema. Isso também é indicado no verso anterior pela palavra bhagavatoditaḥ. Os preceitos e orientações dados pelo Senhor são infalíveis, e os benefícios deles advindos são plenamente assegurados. De acordo com Suas orientações, que são explicadas nestes dois versos, a forma perfeita de religião é bhakti-yoga.

Para praticar bhakti-yoga, deve-se primeiramente aceitar um mestre espiritual fidedigno. Em seu Bhakti-rasāmṛta-sindhu (1.2.74-75), Śrīla Rūpa Gosvāmī aconselha:

guru-pādāśrayas tasmāt
kṛṣṇa-dīkṣādi-śikṣaṇam
viśrambheṇa guroḥ sevā
sādhu-vartmānuvartanam
sad-dharma-pṛcchā bhogādi-
tyāgaḥ kṛṣṇasya hetave

Nosso primeiro dever é aceitar um mestre espiritual autêntico. O estudante ou discípulo deve ser muito inquisitivo; deve estar ansioso por conhecer a verdade completa sobre a religião eterna (sanātana-dharma). As palavras guru-śuśrūṣaṇam significam que o discípulo deve servir pessoalmente ao mestre espiritual, dando-lhe confortos físicos, ajudando-o a banhar-se, vestir-se, dormir, comer e assim por diante. Isso se chama guru-śuśrūṣaṇam. O discípulo deve servir ao mestre espiritual como um servo dócil e, tudo o que possui, deve ser dedicado ao mestre espiritual. Prāṇair arthair dhiyā vācā. Cada um tem sua vida, sua riqueza, sua inteligência e suas palavras, as quais, por intermédio do mestre espiritual, devem ser oferecidas à Suprema Personalidade de Deus. Por uma questão de dever, tudo deve ser oferecido ao mestre espiritual, mas a oferenda a ele deve ser feita com plena rendição, e não artificialmente, apenas para se ganhar prestígio material. Essa oferenda se chama arpaṇa. Ademais, deve-se viver entre devotos, pessoas santas, para se aprender a etiqueta e o comportamento adequado observados por alguém que executa serviço devocional. A esse respeito, Śrīla Viśvanātha Cakravartī Ṭhākura enfatiza que qualquer artigo oferecido ao mestre espiritual deve ser oferecido com amor e afeição, e não com o propósito de se obter adoração material. Igualmente, recomenda-se a associação com os devotos, mas se deve tomar essa atitude com discernimento. Na verdade, o sādhu, um indivíduo santo, deve ser santo em seu comportamento (sādhavaḥ sad-ācārāḥ). A menos que alguém demonstre um comportamento exemplar, sua posição como sādhu, pessoa santa, não é perfeita. Portanto, o vaiṣṇava, o sādhu, deve adotar irrestritamente o padrão de comportamento. Śrīla Viśvanātha Cakravartī Ṭhākura diz que o vaiṣṇava, uma pessoa iniciada no culto vaiṣṇava, deve receber o respeito digno de um vaiṣṇava, e isso significa que se devem oferecer serviço e orações a ele. Entretanto, ninguém deve associar-se com ele se a conduta dele não for condizente com sua posição.

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