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VERSO 20

prasaṅgam ajaraṁ pāśam
ātmanaḥ kavayo viduḥ
sa eva sādhuṣu kṛto
mokṣa-dvāram apāvṛtam

prasaṅgam — apego; ajaram — forte; pāśam — enredamento; ātmanaḥ — da alma; kavayaḥ — homens eruditos; viduḥ — sabem; saḥ eva — este mesmo; sādhuṣu — aos devotos; kṛtaḥ — aplicado; mokṣa-dvāram — a porta da liberação; apāvṛtam — aberta.

Todo homem erudito sabe muito bem que o apego à matéria é o maior enredamento da alma espiritual. Mas esse mesmo apego, quando aplicado aos devotos autorrealizados, abre a porta da liberação.

SIGNIFICADO—Afirma-se aqui claramente que o apego a uma coisa é a causa de cativeiro à vida condicionada, e o mesmo apego, quando aplicado a outra coisa, abre a porta da liberação. Não é possível eliminar o apego – basta que ele seja transferido. Apego a coisas materiais chama-se consciência material, e apego a Kṛṣṇa ou Seu devoto chama-se consciência de Kṛṣṇa. A consciência, portanto, é a plataforma do apego. Aqui se afirma claramente que basta purificarmos a consciência, substituindo a consciência material pela consciência de Kṛṣṇa, para alcançarmos a liberação. Apesar da afirmativa de que se deve abandonar o apego, a ausência de desejos é impossível para a entidade viva. Por sua própria constituição, a entidade viva tende a apegar-se a algo. Observamos que se alguém não tem objeto de apego, se não tem filhos, então transfere seu apego aos cães e gatos. Isso indica que não se pode acabar com a propensão ao apego: ela tem que ser utilizada para o melhor propósito. Nosso apego a coisas materiais perpetua nosso estado condicional, mas o mesmo apego, quando transferido à Suprema Personalidade de Deus ou a Seu devoto, é a fonte da liberação.

Recomenda-se aqui que se deve transferir esse apego aos devotos autorrealizados, os sādhus. E quem é o sādhu? Sādhu não é apenas um homem comum vestido com roupa açafroada e usando barba longa. O sādhu é descrito na Bhagavad-gītā como aquele que se ocupa inabalavelmente em serviço devocional. Mesmo que se observe que alguém não segue as estritas regras e regulações do serviço devocional, se ele simplesmente tem fé inabalável em Kṛṣṇa, a Pessoa Suprema, deve ser considerado um sādhu. Sādhur eva sa mantavyaḥ. O sādhu é um seguidor estrito do serviço devocional. Nesta passagem, recomenda-se que, se alguém deseja realmente compreender o Brahman, ou a perfeição espiritual, deve transferir seu apego ao sādhu, ou devoto. O Senhor Caitanya também confirmou isso. Lava-mātra sādhu-saṅge sarva-siddhi haya: simplesmente por um momento de associação com um sādhu, pode-se alcançar a perfeição.

Mahātmā é sinônimo de sādhu. Afirma-se que o serviço ao mahātmā, ou devoto elevado do Senhor, é dvāram āhur vimukteḥ, a estrada real da liberação. Mahat-sevāṁ dvāram āhur vimuktes tamo-dvāraṁ yoṣitāṁ saṅgi-saṅgam. (Śrīmad-Bhāgavatam 5.5.2) Prestar serviço aos materialistas tem o efeito oposto. Se alguém presta serviço a um materialista grosseiro, ou a uma pessoa ocupada apenas com gozo dos sentidos, então, pela associação com tal pessoa, abre-se a porta que leva ao inferno. O mesmo princípio é confirmado aqui. Apego a um devoto é apego ao serviço do Senhor porque, se alguém se associar com um sādhu, o resultado será que o sādhu lhe ensinará como tornar-se devoto, adorador e servo sincero do Senhor. Essas são as dádivas de um sādhu. Se queremos nos associar com um sādhu, não podemos esperar que ele nos dê instruções sobre como melhorar nossa condição material, mas ele nos dará instruções sobre como cortar o nó da contaminação da atração material e como elevarmo-nos em serviço devocional. Esse é o resultado de associar-se com um sādhu. Antes de mais nada, Kapila Muni ensina que o caminho da liberação começa com tal associação.

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