VERSO 1
śrī-śuka uvāca
dvāri dyu-nadyā ṛṣabhaḥ kurūṇāṁ
maitreyam āsīnam agādha-bodham
kṣattopasṛtyācyuta-bhāva-siddhaḥ
papraccha sauśīlya-guṇābhitṛptaḥ
śrī-śukaḥ uvāca — Śukadeva Gosvāmī disse; dvāri — à nascente de; dyu-nadyāḥ — o celestial rio Ganges; ṛṣabhaḥ — ο melhor dos Kurus; kurūṇām — dos Kurus; maitreyam — a Maitreya; āsīnam — sentado; agādha-bodham — de conhecimento impenetrável; kṣattā — Vidura; upasṛtya — tendo chegado mais perto; acyuta — ο Senhor infalível; bhāva — caráter; siddhaḥ — perfeito; papraccha — perguntou; sauśīlya — brandura; guṇa-abhitṛptaḥ — satisfeito com qualidades transcendentais.
Śukadeva Gosvāmī disse: Vidura, ο melhor dentre a dinastia Kuru, que era perfeito no serviço devocional ao Senhor, chegou assim à nascente do celestial rio Ganges [Hardwar], onde Maitreya, ο grandioso, insondável e erudito sábio do mundo, estava sentado. Vidura, que era perfeito na brandura e estava satisfeito com a transcendência, perguntou-lhe.
SIGNIFICADO—Vidura já era perfeito devido a sua devoção pura pelo Senhor infalível. Ο Senhor e as entidades vivas são qualitativamente iguais por natureza, mas ο Senhor é quantitativamente muito superior a qualquer entidade viva individual. Ele é sempre infalível, ao passo que as entidades vivas são propensas a cair sob a influência da energia ilusória. Vidura já havia superado a natureza falível da entidade viva na vida condicional por ser acyuta-bhāva, ou legitimamente absorto no serviço devocional ao Senhor. Esse estágio de vida é chamado acyuta-bhāva-siddha, ou perfeição por meio do serviço devocional. Portanto, qualquer um que esteja absorto no serviço devocional ao Senhor é uma alma liberada e tem todas as qualidades admiráveis. Ο erudito sábio Maitreya estava sentado em um local solitário às margens do Ganges em Hardwar, e Vidura, que era um devoto perfeito do Senhor e tinha todas as boas qualidades transcendentais, aproximou-se dele para lhe fazer perguntas.