VERSO 22
kiṁ vāṁho vena uddiśya
brahma-daṇḍam ayūyujan
daṇḍa-vrata-dhare rājñi
munayo dharma-kovidāḥ
kim — por qual motivo; vā — também; aṁhaḥ — atividades pecaminosas; vene — a Vena; uddiśya — vendo; brahma-daṇḍam — a maldição de um brāhmaṇa; ayūyujan — eles desejaram impor; daṇḍa-vrata-dhare — que carrega o açoite de castigo; rājñi — ao rei; munayaḥ — os grandes sábios; dharma-kovidāḥ — inteiramente versados em princípios religiosos.
Vidura também perguntou: Como é que os grandes sábios, que eram inteiramente versados nos princípios religiosos, desejaram amaldiçoar o rei Vena, que pessoalmente carregava o açoite de castigo, e assim lhe impuseram a mais forte punição [brahma-śāpa]?
SIGNIFICADO—Compreende-se que o rei tem o poder de punir a todos, mas, neste caso, parece que os grandes sábios o puniram. O rei certamente fizera algo muito grave; de outro modo, como os grandes sábios, que eram tidos como os mais magnânimos e tolerantes, poderiam, ainda assim, puni-lo, apesar da elevada consciência religiosa que eles tinham? Parece, também, que o rei não era independente da cultura bramânica. Acima do rei, estava o controle dos brāhmaṇas, e, caso necessário, os brāhmaṇas destronavam o rei ou o matavam, não com alguma arma, mas com o mantra de um brahma-śāpa. Tão poderosos eram os brāhmaṇas que, simplesmente lançando uma maldição, uma pessoa morria de imediato.