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VERSO 14

bhavatsu kuśala-praśna
ātmārāmeṣu neṣyate
kuśalākuśalā yatra
na santi mati-vṛttayaḥ

bhavatsu — a vós; kuśala — boa fortuna; praśnaḥ — pergunta; ātma-­ārāmeṣu — quem está sempre absorto em bem-aventurança espiritual; na iṣyate — não há necessidade de; kuśala — boa fortuna; akuśalāḥ­ — inauspiciosidade; yatra — onde; na — nunca; santi — existe; mati­-vṛttayaḥ — invenção mental.

Pṛthu Mahārāja prosseguiu: Meus queridos senhores, não há necessidade de perguntar sobre vossa boa ou má fortuna porque estais sempre absortos em bem-aventurança espiritual. A invenção mental de auspicioso e inauspicioso não existe para vós.

SIGNIFICADO—O Caitanya-caritāmṛta (Antya 4.176) diz:

‘dvaite’ bhadrābhadra-jñāna, saba — ‘manodharma’
‘ei bhāla, ei manda,’ — ei saba ‘bhrama’

Neste mundo material, o auspicioso e o inauspicioso são meras invenções mentais porque tais coisas existem somente devido ao contato com o mundo material. Isso se chama ilusão, ou ātma­māyā. Pensamos termos sido criados pela natureza material exata­mente como pensamos estar experimentando muitas coisas em um sonho. A alma espiritual, contudo, é sempre transcendental. Não há possibilidade de ela se tornar coberta materialmente. Esta co­bertura é simplesmente algo como uma alucinação ou um sonho. A Bhagavad-gītā (2.62) também diz que saṅgāt sañjāyate kāmaḥ: simplesmente devido à associação, criamos necessidades materiais artificiais. Dhyāyato viṣayān puṁsaḥ saṅgas teṣūpajāyate. Ao nos esque­cermos de nossa verdadeira posição constitucional e desejarmos gozar dos recursos materiais, nossos desejos materiais se manifestam e nos associamos com variedades de prazer material. Tão logo surjam as invenções de prazer material, devido à nossa associação, criamos uma espécie de avidez ou ansiedade por desfrutá-las, e, quando esse falso prazer não nos faz realmente felizes, criamos outra ilusão, conhecida como ira, através de cuja manifestação a ilusão se torna mais forte. Quando estamos assim iludidos, segue-se o esquecimento de nossa relação com Kṛṣṇa e, perdendo desse modo a consciência de Kṛṣṇa, vemo-nos privados de nossa verdadeira inteligência. Dessa maneira, enredamo-nos neste mundo material. A Bhagavad-gītā (2.63) diz:

krodhād bhavati sammohaḥ
sammohāt smṛti-vibhramaḥ
smṛti-bhraṁśād buddhi-nāśo
buddhi-nāśāt praṇaśyati

Através do contato com a matéria, perdemos nossa consciência espiritual; consequentemente, não há possibilidade de coisas auspiciosas e inauspiciosas. Contudo, aqueles que são ātmārāmas, ou auto­rrealizados, transcendem esses problemas. Os ātmārāmas, ou pessoas autorrealizadas, progredindo gradualmente e cada vez mais em bem-aventurança espiritual, chegam à plataforma de associação com a Suprema Personalidade de Deus. Essa é a perfeição da vida. A princípio, os Kumāras eram impersonalistas autorrealizados, mas, aos poucos, sentiram-se atraídos pelos passatempos pessoais do Senhor Supremo. A conclusão é que a dualidade de auspicioso e inauspicioso não se manifesta para quem está sempre ocupado em serviço devocional à Personalidade de Deus. Portanto, Pṛthu Mahārāja indaga acerca da auspiciosidade, não para o benefício dos Kumāras, mas para seu próprio benefício.

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