CAPÍTULO DEZENOVE
Uma Descrição da Ilha de Jambūdvīpa
Este capítulo traz a descrição das glórias de Bhārata-varṣa, bem como a descrição de como o Senhor Rāmacandra é adorado no trecho de terra conhecido como Kimpuruṣa-varṣa. Os habitantes de Kimpuruṣa-varṣa são afortunados, pois adoram tanto o Senhor Rāmacandra quanto Hanumān, Seu servo fiel. O Senhor Rāmacandra é um exemplo de encarnação de Deus que advém com a missão de paritrāṇāya sādhūnāṁ vināśāya ca duṣkṛtām — proteger os devotos e aniquilar os canalhas. O Senhor Rāmacandra mostra qual é o verdadeiro propósito da encarnação da Suprema Personalidade de Deus, e os devotos se valem dessa oportunidade para Lhe prestar transcendental serviço amoroso. Todos devem render-se por completo ao Senhor e esquecer-se da aparente felicidade, opulência e educação materiais, que de nada servem para satisfazer o Senhor. O Senhor fica satisfeito somente com o processo de rendição a Ele.
Quando veio instruir Sārvaṇi Manu, Devarṣi Nārada descreveu a opulência de Bhārata-varṣa, Índia. Sārvaṇi Manu e os habitantes de Bhārata-varṣa ocupam-se em prestar serviço devocional à Suprema Personalidade de Deus, que é a origem da criação, manutenção e aniquilação e que sempre é adorado pelas almas autorrealizadas. Assim como ocorre em outros trechos de terra, existem muitos rios e montanhas no planeta conhecido como Bhārata-varṣa, mas Bhārata-varṣa tem um significado especial, dado que, nessa extensão territorial, prevalece o princípio védico de varṇāśrama-dharma, que divide a sociedade em quatro varṇas e quatro āśramas. Além disso, na opinião de Nārada Muni, mesmo que a execução dos princípios de varṇāśrama-dharma sofra um distúrbio temporário, podem ser revividos a qualquer momento. Quem segue a instituição de varṇāśrama gradualmente se eleva à plataforma espiritual e se liberta do cativeiro material. Seguindo os princípios de varṇāśrama-dharma, o indivíduo obtém a oportunidade de associar-se com os devotos. Semelhante associação desperta aos poucos sua propensão adormecida de servir à Suprema Personalidade de Deus e o liberta dos elementos básicos da vida pecaminosa. A partir daí, ele obtém a oportunidade de prestar imaculado serviço devocional a Vāsudeva, o Senhor Supremo. Devido a essa oportunidade, os habitantes de Bhārata-varṣa são louvados inclusive nos planetas celestiais. Mesmo em Brahmaloka, o planeta mais elevado deste universo, a posição de Bhārata-varṣa é discutida com muito deleite.
Em diferentes planetas e em diferentes espécies de vida, todas as entidades vivas condicionadas desenvolvem-se dentro do universo. Assim, uma pessoa pode elevar-se a Brahmaloka, mas depois terá que voltar a descer à Terra, como se confirma na Śrīmad Bhagavad-gītā (ābrahma-bhuvanāl lokāḥ punar āvartino ’rjuna). Se os habitantes de Bhārata-varṣa seguirem à risca os princípios de varṇāśrama-dharma e desenvolverem sua latente consciência de Kṛṣṇa, não lhes será necessário regressarem a este mundo material após a morte. Qualquer lugar onde não se ouvem as almas realizadas falarem sobre a Suprema Personalidade de Deus, mesmo que tal lugar seja Brahmaloka, não é muito apropriado para a entidade viva. Se alguém nasce como um ser humano na terra de Bhārata-varṣa e não se vale dessa oportunidade para obter elevação espiritual, sua posição é com certeza muito deplorável. Na terra conhecida como Bhārata-varṣa, mesmo que alguém seja sarva-kāma-bhakta, um devoto que busca satisfazer algum desejo material, ele se livrará de todos os desejos materiais ao se associar com os devotos e, finalmente, ele se tornará um devoto puro. Tal pessoal, sem dificuldade alguma, voltará ao lar, voltará ao Supremo.
No final deste capítulo, Śrī Śukadeva Gosvāmī descreve a Mahārāja Parīkṣit as oito ilhas menores localizadas dentro da ilha de Jambūdvīpa.
VERSO 1: Śrīla Śukadeva Gosvāmī disse: Meu querido rei, em Kimpuruṣa-varṣa, o grande devoto Hanumān, juntamente com os habitantes dessa terra, está sempre dedicado ao serviço devocional ao Senhor Rāmacandra, o irmão mais velho de Lakṣmaṇa e o querido esposo de Sītādevī.
VERSO 2: Uma hoste de Gandharvas está sempre ocupada em cantar as glórias do Senhor Rāmacandra. Esse canto é sempre auspiciosíssimo. Hanumānjī e Arṣṭiṣeṇa, a personalidade mais importante de Kimpuruṣa-varṣa, ouvem constante e atentamente essas glórias. Hanumān canta os seguintes mantras.
VERSO 3: Que eu satisfaça Vossa Onipotência cantando o bīja-mantra oṁkāra. Desejo oferecer minhas respeitosas reverências à Personalidade de Deus, que é a melhor entre as personalidades mais elevadas. Vossa Onipotência é o reservatório de todas as boas qualidades dos arianos, ou pessoas avançadas. Vosso caráter e comportamento são sempre coerentes, e sempre controlais Vossos sentidos e Vossa mente. Agindo tal qual um ser humano comum, manifestais um caráter exemplar para ensinar como os outros devem comportar-se. Há uma pedra de toque útil em avaliar a qualidade do ouro, mas sois como uma pedra de toque utilizada para averiguar todas as boas qualidades. Sois adorado pelos brāhmaṇas, que são os principais de todos os devotos. Vós, a Pessoa Suprema, sois o rei dos reis, e, portanto, ofereço-Vos minhas respeitosas reverências.
VERSO 4: O Senhor, cuja forma pura [sac-cid-ānanda-vigraha] não se contamina com os modos da natureza material, pode ser percebido por alguém cuja consciência seja pura. No Vedānta, Ele é descrito como inigualável. Devido à Sua potência espiritual, Ele não é tocado pela contaminação da natureza material e, como não está sujeito à visão material, é tido como transcendental. Ele não exerce atividades materiais, tampouco traz forma ou nome materiais. Apenas em consciência pura, consciência de Kṛṣṇa, é que alguém pode perceber a forma transcendental do Senhor. Fixemo-nos firmemente aos pés de lótus do Senhor Rāmacandra, e ofereçamos nossas respeitosas reverências a esses transcendentais pés de lótus.
VERSO 5: Havia determinação de que Rāvaṇa, o principal dos Rākṣasas, só poderia ser morto por um homem, e, por essa razão, o Senhor Rāmacandra, a Suprema Personalidade de Deus, apareceu sob a forma de um ser humano. Contudo, a missão do Senhor Rāmacandra não se resumia a matar Rāvaṇa, senão que Ele também veio ensinar aos seres mortais que a felicidade material, centralizada na vida sexual ou na esposa, causa muitos sofrimentos. Ele é a autossuficiente Suprema Personalidade de Deus, e nada Lhe causa lamentação. Portanto, por que Ele ficaria sujeito a tribulações devido ao rapto de mãe Sītā?
VERSO 6: Como é a Suprema Personalidade de Deus, Vāsudeva, o Senhor Śrī Rāmacandra não está apegado a nada deste mundo material. Ele é a queridíssima Superalma de todas as almas autorrealizadas, de quem é um amigo muito íntimo. Ele é pleno de todas as opulências. Portanto, é impensável que Ele sofreria ao ficar sem Sua esposa, tampouco poderia ter abandonado Sua esposa e Lakṣmaṇa, Seu irmão mais novo. Abandonar qualquer um desses dois Lhe seria absolutamente impossível.
VERSO 7: Ninguém pode estabelecer amizade com o Supremo Senhor Rāmacandra tomando como base qualidades materiais tais como nascimento em família aristocrática, beleza pessoal, eloquência, inteligência aguda, raça ou nação superiores. Nenhuma dessas qualificações realmente é garantia de amizade com o Senhor Śrī Rāmacandra. De outra maneira, como é possível que o Senhor Rāmacandra nos aceitou como amigos, embora sejamos habitantes incivilizados da floresta e não tenhamos nascimento nobre, nem beleza física, tampouco saibamos falar com elegância?
VERSO 8: Portanto, seja determinada criatura um semideus ou um demônio, homem ou entidade não-humana, tal como um animal selvagem ou um pássaro, todos devem adorar o Senhor Rāmacandra, a Suprema Personalidade de Deus, que aparece nesta Terra tal qual um ser humano. Para adorar o Senhor, não há necessidade de grandes austeridades ou penitências, pois Ele aceita inclusive um modesto serviço oferecido por Seu devoto. Assim, Ele fica satisfeito, e, tão logo Ele Se satisfaz, o devoto é bem-sucedido. Na verdade, o Senhor Śrī Rāmacandra levou de volta ao lar, de volta ao Supremo [Vaikuṇṭha], todos os devotos de Ayodhyā.
VERSO 9: [Śukadeva Gosvāmī continuou:] As glórias da Suprema Personalidade de Deus são inconcebíveis. Para favorecer Seus devotos, ensinando-lhes religião, conhecimento, renúncia, poder espiritual, controle dos sentidos e como libertarem-se do falso ego, Ele apareceu sob a forma de Nara-Nārāyaṇa na terra de Bhārata-varṣa, na região conhecida como Badarikāśrama. Ele é avançado na opulência de bens espirituais, e estará ocupado em executar austeridades até o final do presente milênio. Esse é o processo de autorrealização.
VERSO 10: Em seu livro, conhecido como Nārada Pañcarātra, Bhagavān Nārada vividamente descreve como trabalhar para que, através do conhecimento e da execução do sistema do yoga místico, alcance-se a meta última da vida, ou seja, a devoção. Ele também descreve as glórias do Senhor, a Suprema Personalidade de Deus. A fim de ensinar aos habitantes de Bhārata-varṣa, seguidores estritos dos princípios de varṇāśrama-dharma, a alcançar o serviço devocional ao Senhor, o grande sábio Nārada Muni instruiu Sāvarṇi Manu acerca dos princípios de sua doutrina transcendental. Assim, Nārada Muni, juntamente com os outros habitantes de Bhārata-varṣa, sempre se ocupam em servir a Nara-Nārāyaṇa, e ele canta da seguinte maneira.
VERSO 11: Que eu ofereça minhas respeitosas reverências a Nara-Nārāyaṇa, a melhor de todas as pessoas santas, a Suprema Personalidade de Deus. Ele é o mais autocontrolado e autorrealizado, está livre do falso prestígio e é o patrimônio das pessoas que não têm posses materiais. Ele é o mestre espiritual de todos os paramahaṁsas, os seres humanos mais elevados, e Ele é o mestre dos autorrealizados. Que eu ofereça minhas repetidas reverências a Seus pés de lótus.
VERSO 12: Nārada, o mais poderoso entre os sábios santos, também adora NaraNārāyaṇa, cantando o seguinte mantra: A Suprema Personalidade de Deus é o mestre da criação, manutenção e aniquilação desta manifestação cósmica visível, mas está inteiramente livre do falso prestígio. Embora os tolos pensem que Ele, assim como nós, aceitou um corpo material, Ele não é afetado pelas tribulações corpóreas sob a forma de fome, sede e fadiga. Embora Ele seja a testemunha que tudo vê, Seus sentidos não são poluídos pelos objetos que Ele vê. Ofereço minhas respeitosas reverências a essa desapegada e pura testemunha do mundo, a Alma Suprema, a Personalidade de Deus.
VERSO 13: Ó meu Senhor, mestre de todo o yoga místico, essa é a explicação do processo ióguico falado pelo senhor Brahmā [Hiraṇyagarbha], que é autorrealizado. Na hora da morte, mediante o simples procedimento de colocar sua mente a Vossos pés de lótus, todos os yogīs abandonam o corpo material em completo desapego. Essa é a perfeição do yoga.
VERSO 14: De modo geral, os materialistas são muito apegados aos seus atuais confortos corpóreos e aos confortos corpóreos que contam ter no futuro. Portanto, estão sempre absortos em pensar em suas esposas, filhos e riquezas e temem abandonar seus corpos, que estão cheios de excremento e urina. Todavia, se alguém ocupado em consciência de Kṛṣṇa, também teme abandonar seu corpo, de que adiantou ter-se esforçado tanto para estudar os śāstras? Tudo isso foi mera perda de tempo.
VERSO 15: Portanto, ó Senhor, ó Transcendência, por favor, ajudai-nos dando-nos o poder de executar bhakti-yoga, a fim de que possamos controlar nossa mente inquieta e fixá-la em Vós. Todos nós estamos infectados por Vossa energia ilusória, daí nos sentirmos muito apegados ao corpo, que é repleto de excremento e urina, e a tudo relacionado com o corpo. O serviço devocional é o único processo mediante o qual se pode abandonar esse apego. Portanto, faze a gentileza de conceder-nos essa bênção.
VERSO 16: Assim como em Ilāvṛta-varṣa, existem muitas montanhas e rios na extensão de terra conhecida como Bhārata-varṣa. Algumas das montanhas são conhecidas como Malaya, Maṅgala-prastha, Maināka, Trikūṭa, Ṛṣabha, Kūṭaka, Kollaka, Sahya, Devagiri, Ṛṣyamūka, Śrī-śaila, Veṅkaṭa, Mahendra, Vāridhāra, Vindhya, Śuktimān, Ṛkṣagiri, Pāriyātra, Droṇa, Citrakūṭa, Govardhana, Raivataka, Kakubha, Nīla, Gokāmukha, Indrakīla e Kāmagiri. Além dessas, existem muitas outras colinas, com muitos rios, grandes e pequenos, fluindo de suas encostas.
VERSOS 17-18: Dois dos rios – o Brahmaputra e o Śoṇa – são chamados nadas, ou rios principais. Existem outros grandes rios muito proeminentes: Candravasā, Tāmraparṇī, Avaṭodā, Kṛtamālā, Vaihāyasī, Kāverī, Veṇī, Payasvinī, Śarkarāvartā, Tuṅgabhadrā, Kṛṣṇāveṇyā, Bhīmarathī, Godāvarī, Nirvindhyā, Payoṣṇī, Tāpī, Revā, Surasā, Narmadā, Carmaṇvatī, Mahānadī, Vedasmṛti, Ṛṣikulyā, Trisāmā, Kauśikī, Mandākinī, Yamunā, Sarasvatī, Dṛṣadvatī, Gomatī, Sarayū, Rodhasvatī, Saptavatī, Suṣomā, Śatadrū, Candrabhāgā, Marudvṛdhā, Vitastā, Asiknī e Viśvā. Os habitantes de Bhārata-varṣa se purificam porque sempre se lembram desses rios. Às vezes, cantam mantras onde falam os nomes desses rios, e, outras vezes, vão diretamente aos rios para tocá-los e banharem-se neles. Assim, os habitantes de Bhārata-varṣa se purificam.
VERSO 19: As pessoas que nascem nesse trecho de terra encaixam-se de acordo com as qualidades da natureza material – os modos de bondade [sattva-guṇa], paixão [rajo-guṇa] e ignorância [tamo-guṇa]. Algumas delas nascem como personalidades exímias, outras, como seres humanos comuns, e algumas são extremamente abomináveis, pois, em Bhārata-varṣa, a pessoa nasce exatamente de acordo com seu karma passado. Se a posição de alguém é estipulada por um mestre espiritual fidedigno e se ele recebe o devido treinamento através do qual aprende a se ocupar a serviço do Senhor Viṣṇu em obediência às quatro divisões sociais [brāhmaṇa, kṣatriya, vaiśya e śūdra] e às quatro divisões espirituais [brahmacarya, gṛhastha, vānaprastha e sannyāsa], sua vida torna-se perfeita.
VERSO 20: Depois de muitos e muitos nascimentos, quando os resultados das atividades piedosas de alguém amadurecem, ele recebe a oportunidade de se associar com os devotos puros. Então, ele é capaz de cortar o nó do cativeiro e vencer a ignorância que o prende devido às várias atividades fruitivas. Como resultado de se associar com os devotos, a pessoa gradualmente presta serviço ao Senhor Vāsudeva, que é transcendental, livre de apego ao mundo material, ultrapassa o alcance da mente e das palavras e é plenamente independente. Esse bhakti-yoga, o serviço devocional ao Senhor Vāsudeva, é o verdadeiro caminho rumo à liberação.
VERSO 21: Como a forma de vida humana é a posição ideal para a compreensão espiritual, todos os semideuses no céu falam desta maneira: Quão maravilhoso é o fato de esses seres humanos terem nascido na terra de Bhārata-varṣa! Eles devem ter executado atos piedosos de austeridade no passado, ou a própria Suprema Personalidade de Deus deve ter ficado satisfeito com eles. Caso contrário, como poderiam ocupar-se em serviço devocional de tantas maneiras? Nós, os semideuses, podemos apenas aspirar a alcançar nascimentos humanos em Bhārata-varṣa a fim de prestarmos serviço devocional, mas esses seres humanos já estão ocupados nisso.
VERSO 22: Os semideuses continuam: Após realizarmos as dificílimas tarefas de executarmos sacrifícios ritualísticos védicos, submetermo-nos a austeridades, observarmos votos e darmos caridade, alcançamos a posição de habitantes dos planetas celestiais. Mas qual o valor dessa conquista? Aqui decerto estamos muito ocupados no gozo dos sentidos materiais, em razão do que quase não nos é possível nos recordarmos dos pés de lótus do Senhor Nārāyaṇa. Na verdade, devido à profusão de gozo dos sentidos, praticamente nos esquecemos dos Seus pés de lótus.
VERSO 23: Uma vida curta na terra de Bhārata-varṣa é preferível à prolongada vida alcançada em Brahmaloka, que dura milhões e bilhões de anos, isso porque, mesmo que alguém se eleve a Brahmaloka, ele regressará aos repetidos nascimentos e mortes. Embora a vida em Bhārata-varṣa, em um sistema planetário inferior, seja muito curta, a pessoa que ali vive, mesmo nessa curta vida, pode elevar-se à completa consciência de Kṛṣṇa e alcançar a perfeição máxima, rendendo-se plenamente aos pés de lótus do Senhor. Assim, ela alcança Vaikuṇṭhaloka, onde não há ansiedades nem repetidos nascimentos em corpos materiais.
VERSO 24: Quem é inteligente não se interessa por um lugar, mesmo que pertença ao sistema planetário mais elevado, se o puro Ganges dos tópicos relativos às atividades do Senhor Supremo não flui por ali, se não há devotos ocupados no serviço devocional às margens desse rio de piedade, ou se não há festivais de saṅkīrtana-yajña para satisfazer o Senhor [especialmente pelo fato de que o saṅkīrtana-yajña é recomendado para esta era].
VERSO 25: Bhārata-varṣa oferece o ambiente e as circunstâncias adequadas para a prestação de serviço devocional, o qual pode livrar-nos dos resultados de jñāna e karma. Se alguém obtém um corpo humano na terra de Bhārata-varṣa, com órgãos sensórios saudáveis, com os quais possa executar saṅkīrtana-yajña, mas, apesar dessa oportunidade, não adota o serviço devocional, certamente é como os animais e pássaros livres na floresta, que, de tão descuidados, voltam a ser capturados pelo caçador.
VERSO 26: Na Índia [Bhārata-varṣa], existem muitos adoradores de semideuses, os vários administradores nomeados pelo Senhor Supremo, tais como Indra, Candra e Sūrya, aos quais são oferecidas diferentes classes de adoração. Os adoradores oferecem suas oblações aos semideuses, considerando esses como partes integrantes do todo, o Senhor Supremo. Portanto, a Suprema Personalidade de Deus aceita essas oferendas e gradualmente eleva os adoradores ao verdadeiro padrão de serviço devocional, satisfazendo-lhes os desejos e aspirações. Como é completo, o Senhor outorga aos adoradores as bênçãos que desejam, mesmo que adorem apenas uma parte de Seu corpo transcendental.
VERSO 27: A Suprema Personalidade de Deus satisfaz os desejos materiais do devoto que, assim motivado, recorre a Ele, mas não concede ao devoto bênçãos que o induzam a pedir outras e outras bênçãos. Contudo, o Senhor prontamente dá ao devoto o refúgio de Seus próprios pés de lótus, mesmo que semelhante pessoa não aspire a isso, e esse refúgio lhe satisfaz todos os desejos. Essa é a misericórdia especial da Personalidade Suprema.
VERSO 28: Estamos vivendo agora nos planetas celestiais, e, sem dúvida, isso se deve ao fato de termos realizado cerimônias ritualísticas, atividades piedosas e yajñas e estudado os Vedas. Contudo, nossa vida aqui um dia se acabará. Oramos para que então, se restar algum mérito de nossas atividades piedosas, possamos renascer em Bhārata-varṣa como seres humanos capazes de nos lembrarmos dos pés de lótus do Senhor. O Senhor é tão bondoso que pessoalmente vem à terra de Bhārata-varṣa e promove a boa fortuna de sua população.
VERSOS 29-30: Śrī Śukadeva Gosvāmī disse: Meu querido rei, na opinião de alguns estudiosos eruditos, oito ilhas menores cercam Jambūdvīpa. Quando percorriam o mundo inteiro na tentativa de encontrar seu cavalo perdido, os filhos de Mahārāja Sagara escavaram a terra, e, dessa maneira, oito ilhas circunvizinhas passaram a existir. Os nomes dessas ilhas são Svarṇaprastha, Candraśukla, Āvartana, Ramaṇaka, Mandara-hariṇa, Pāñcajanya, Siṁhala e Laṅkā.
VERSO 31: Meu querido rei Parīkṣit, ó melhor entre os descendentes de Bhārata Mahārāja, da mesma forma como fui instruído, acabo de descrever-te a ilha de Bhārata-varṣa e suas ilhas circunvizinhas. Essas são as ilhas que constituem Jambūdvīpa.