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Capítulo Quatorze

A Lamentação do Rei Citraketu

Neste décimo quarto capítulo, Parīkṣit Mahārāja pergunta a seu mestre espiritual, Śukadeva Gosvāmī, como é que um demônio da espécie de Vṛtrāsura pôde tornar-se um devoto grandioso. Neste ensejo, faz-se uma análise da vida anterior de Vṛtrāsura. Isso envolve a história de Citraketu e como, depois da morte de seu filho, ele se deixou arrastar pela lamentação.

Entre muitos milhões de entidades vivas, o número de seres humanos é extremamente diminuto, e, entre os seres humanos que realmente são religiosos, poucos são os que anseiam libertar-se da existência material. Entre muitos milhares de pessoas que desejam aliviar-se da existência material, talvez uma consiga livrar-se da associação de pessoas indesejáveis ou fique livre da contaminação material. E entre muitos milhões dessas pessoas liberadas, pode ser que uma se torne devoto do Senhor Nārāyaṇa. Portanto, esses devotos são extremamente raros. Como bhakti, o serviço devocional, não é algo ordinário, Parīkṣit Mahārāja ficou surpreso ao ouvir que um asura pudesse elevar-se à sublime posição de devoto. A fim de esclarecer as dúvidas que carregava consigo, Parīkṣit Mahārāja dirigiu sua indagação a Śukadeva Gosvāmī, que então descreveu Vṛtrāsura, aludindo ao seu nascimento anterior como Citraketu, o rei de Śūrasena.

Citraketu, que não conseguira ter filhos, obteve a oportunidade de se encontrar com o grande sábio Aṅgirā. Quando esse pergun­tou ao rei sobre o seu bem-estar, ele expressou sua melancolia, e, em consequência disso, pela graça do grande sábio, a primeira es­posa do rei, Kṛtadyuti, deu à luz um filho, que trouxe felicidade e lamentação. Com o nascimento desse filho, o rei e todos os habitantes do palácio ficaram muito felizes. Entretanto, as outras espo­sas de Citraketu ficaram com inveja e, mais tarde, ministraram veneno à criança. Com a morte de seu filho, Citraketu ficou inteiramente arrasado. Então, Nārada Muni e Aṅgirā foram ter com ele.

VERSO 1: O rei Parīkṣit perguntou a Śukadeva Gosvāmī: Ó brāhmaṇa eru­dito, de um modo geral, os demônios são pecaminosos e estão obcecados pelos modos da paixão e da ignorância. Como, então, Vṛtrāsura pôde alcançar tão elevado amor a Nārāyaṇa, a Suprema Personalidade de Deus?

VERSO 2: Semideuses situados no modo da bondade e grandes santos limpos da sujeira do gozo material muito raramente prestam serviço devocional puro aos pés de lótus de Mukunda. [Portanto, como pôde Vṛtrāsura se tornar um devoto tão grandioso?]

VERSO 3: Neste mundo material, existem tantas entidades vivas quantos são os átomos. Entre essas entidades vivas, pouquíssimas são seres humanos, e, entre estes, poucos estão interessados em seguir os princí­pios religiosos.

VERSO 4: Ó melhor dos brāhmaṇas, Śukadeva Gosvāmī, entre muitíssimas pessoas que seguem os princípios religiosos, poucas são as que desejam libertar-se do mundo material. Entre muitos milha­res que desejam a liberação, talvez um realmente alcance a libera­ção, abandonando o apego material à sociedade, à amizade, ao amor, ao país, ao lar, à esposa e aos filhos. E, entre muitos milhares dessas pessoas liberadas, é raríssima aquela que pode entender o verdadeiro significado da liberação.

VERSO 5: Ó grande sábio, entre muitos milhões de pessoas liberadas e que conhecem muito bem o que é a liberação, talvez uma se torne devoto do Senhor Nārāyaṇa, ou Kṛṣṇa. Esses devotos, que são por completo pacíficos, são extremamente raros.

VERSO 6: Vṛtrāsura estava situado no ardente fogo da batalha e era um de­mônio infame e pecaminoso, sempre ocupado em causar problemas e ansiedades aos outros. Como semelhante demônio pôde desenvol­ver tamanha consciência de Kṛṣṇa?

VERSO 7: Meu querido senhor, Śukadeva Gosvāmī, embora Vṛtrāsura fosse um demônio pecaminoso, ele mostrou tanto poder quanto um no­bilíssimo kṣatriya e, durante a batalha, satisfez o senhor Indra. Como tal demônio podia ser um grande devoto do Senhor Kṛṣṇa? Essas contradições me trouxeram grandes dúvidas e me deixaram an­sioso por ouvir teus comentários.

VERSO 8: Śrī Sūta Gosvāmī disse: Após ouvir a inteligentíssima pergunta formulada por Mahārāja Parīkṣit, Śukadeva Gosvāmī, o sábio mais eminente, passou a responder ao seu discípulo com muita afeição.

VERSO 9: Śrī Śukadeva Gosvāmī disse: Ó rei, compartilharei contigo a mesma história que ouvi da boca de Vyāsadeva, de Nārada e de Devala. Por favor, ouve com atenção.

VERSO 10: Ó rei Parīkṣit, na província de Śūrasena, havia um rei chamado Citraketu, que governava toda a Terra. Durante seu reinado, a terra produzia todas as coisas capazes de suprir as necessidades da vida.

VERSO 11: Esse Citraketu tinha dez milhões de esposas, mas, embora fosse capaz de fecundá-las, não recebeu filhos de nenhuma delas. Por acaso, todas as esposas eram estéreis.

VERSO 12: Citraketu, o esposo de milhões de esposas, era dotado de uma bela forma, magnanimidade e juventude. Nascera em família nobre, teve educação esmerada e era rico e opulento. Entretanto, apesar de possuir todos esses dotes materiais, estava cheio de ansiedade porque não tinha filhos.

VERSO 13: Todas as rainhas tinham um belo rosto e olhos atraentes, mas nem mesmo as opulências, nem as centenas e milhares de rainhas, nem as terras das quais era o proprietário supremo eram fonte de felicidade para ele.

VERSO 14: Certa vez, quando o poderoso sábio Aṅgirā viajava descompromissadamente por todo o universo, ele julgou por bem dirigir-se ao palácio do rei Citraketu.

VERSO 15: Citraketu imediatamente se levantou de seu trono e lhe prestou adoração. Ofereceu água potável e alimento e, dessa maneira, cumpriu seu dever de recepcionar um grandioso visitante. Quando o ṛṣi se sentou muito confortavelmente, o rei, reprimindo sua mente e seus sentidos, sentou-se no chão e ficou ao lado dos pés do ṛṣi.

VERSO 16: Ó rei Parīkṣit, quando Citraketu, prostrado humildemente, estava sentado aos pés de lótus do grande sábio, o sábio cumprimentou-o, louvando-lhe a humildade e hospitalidade, e, aproveitando do en­sejo, dirigiu-lhe as seguintes palavras.

VERSO 17: O grande sábio Aṅgirā disse: Meu querido rei, espero que teu corpo, tua mente e teus companheiros e parafernália reais estejam bem. Quando os sete elementos da natureza material [a totalidade da energia material, o ego e os cinco objetos de gozo dos sentidos] estão na devida ordem, a entidade viva se sente feliz dentro dos ele­mentos materiais. Sem esses sete elementos, ninguém pode existir. Do mesmo modo, o rei sempre está protegido pelos sete elementos – seu instrutor (svāmī ou guru), seus ministros, seu reino, seu cas­telo, seu tesouro, sua ordem real e seus amigos.

VERSO 18: Ó rei, ó senhor da humanidade, ao ficar sob a dependência direta de seus associados e seguir suas instruções, o rei é feliz. Do mesmo modo, quando seus associados oferecem seus presentes e atividades ao rei e lhe seguem as ordens, eles também são felizes.

VERSO 19: Ó rei, acaso tuas esposas, teus cidadãos, secretários, servos e mer­cadores que vendem especiarias e óleo estão sob teu controle? Exer­ces também controle pleno sobre os ministros, os habitantes do teu palácio, teus governadores de províncias, teus filhos e teus outros súditos?

VERSO 20: Estando a mente do rei sob pleno controle, todos os seus membros familiares e oficiais governamentais se sujeitam a ele. Se, nessas cir­cunstâncias, seus governadores de províncias saldam os impostos em dia, sem opor resistência alguma, o que dizer, então, dos servos inferiores?

VERSO 21: Ó rei Citraketu, posso observar que tua mente não está satisfeita. Parece não teres alcançado a meta por ti desejada. Isso se deve a ti, ou foi acarretado por outros? A palidez de teu rosto reflete tua profunda ansiedade.

VERSO 22: Śukadeva Gosvāmī disse: Ó rei Parīkṣit, embora conhecesse tudo, o grande sábio Aṅgirā fez essa pergunta ao rei. Assim, o rei Citra­ketu, que desejava ter um filho, prostrou-se com grande humildade e dirigiu ao grande sábio as seguintes palavras.

VERSO 23: O rei Citraketu disse: Ó grande senhor Aṅgirā, devido à austeridade, conhecimento e samādhi transcendental, estás livre de todas as reações da vida pecaminosa. Portanto, sendo um yogī perfeito, podes compreender todas as coisas externas e internas pertinentes às almas condicionadas corporificadas como eu.

VERSO 24: Ó grande alma, apesar de inteirado de tudo, perguntas por que motivo estou cheio de ansiedade. Portanto, em resposta à tua ordem, permite-me revelar a causa.

VERSO 25: Assim como aquele que é assolado pela fome e pela sede não se satisfaz com o agrado sob a forma de guirlanda de flores ou polpa de sândalo, eu, porque não tenho filho, não estou satisfeito com meu império, opulência ou posses, que são desejáveis até mesmo para grandes semideuses.

VERSO 26: Portanto, ó grande sábio, por favor, salva este que te fala, bem como meus antepassados, que estamos descendo rumo à escuridão do inferno, pois não tenho progênie. Por favor, faze algo para que eu possa ter um filho que nos salve dessas condições infernais.

VERSO 27: Em resposta ao pedido de Mahārāja Citraketu, Aṅgirā Ṛṣi, que nascera da mente do senhor Brahmā, foi muito misericordioso para com ele. Como era uma personalidade muito poderosa, o sábio rea­lizou um sacrifício, oferecendo a Tvaṣṭā oblações de arroz-doce.

VERSO 28: Ó Parīkṣit Mahārāja, melhor dos Bhāratas, os restos do alimento oferecido no yajña foram dados pelo grande sábio Aṅgirā à primeira e mais perfeita entre as milhões de rainhas de Citraketu, cujo nome era Kṛtadyuti.

VERSO 29: Em seguida, o grande sábio disse ao rei: “Ó grandioso rei, agora terás um filho que será causa de júbilo e lamentação.” Sem esperar pela resposta de Citraketu, o sábio partiu.

VERSO 30: À semelhança de Kṛttikādevī, que, após intercessão de Agni, rece­beu o sêmen do senhor Śiva e concebeu um filho chamado Skanda [Kārttikeya], Kṛtadyuti, tendo recebido o sêmen de Citraketu, ficou grávida após comer os restos de alimento do yajña realizado por Aṅgirā.

VERSO 31: Após receber o sêmen de Mahārāja Citraketu, o rei de Śūrasena, a gravidez da rainha Kṛtadyuti desenvolveu-se pouco a pouco, ó rei Parīkṣit, assim como a Lua cresce durante a quinzena luminosa.

VERSO 32: Depois disso, no devido tempo, nasceu o filho do rei. Recebendo a notícia, todos os habitantes da nação de Śūrasena ficaram extremamente satisfeitos.

VERSO 33: O rei Citraketu ficou especialmente satisfeito. Depois de se purificar, banhando-se e decorando-se com adornos, convidou brāhmaṇas eru­ditos para que outorgassem bênçãos sobre a criança e executassem a cerimônia natalícia.

VERSO 34: Aos brāhmaṇas que participaram da cerimônia ritualística, o rei distribuiu caridosamente ouro, prata, roupas, adornos, vilas, cavalos e elefantes, bem como sessenta koṭis de vacas [seiscentos milhões de vacas].

VERSO 35: Assim como a nuvem derrama indiscriminadamente água sobre a terra, o caridoso rei Citraketu, com o propósito de aumentar a reputação, opulência e longevidade de seu filho, distribuiu entre todos torrentes de coisas desejáveis.

VERSO 36: Quando um pobre obtém algum dinheiro após grande dificuldade, sua afeição pelo dinheiro aumenta a cada dia. Do mesmo modo, quando o rei Citraketu, após grande dificuldade, recebeu um filho, sua afeição por este se intensificava dia após dia.

 VERSO 37: Tal como ocorria ao pai, o afeto e carinho da mãe pelo filho aumentavam excessivamente. As outras esposas, vendo o filho de Kṛtadyuti, ficaram muito agitadas, como se acometidas por uma febre alta, devido ao desejo de terem filhos.

VERSO 38: À medida que o rei Citraketu criava seu filho com muito carinho, sua afeição pela rainha Kṛtadyuti aumentava, ao passo que ia per­dendo a afeição pelas outras esposas, que não tinham filhos.

VERSO 39: As outras rainhas estavam extremamente infelizes pelo fato de não terem filhos. Devido à negligência que o rei lhes consagrava, perdiam-se em inveja e lamentação.

VERSO 40: Uma esposa que não tem filhos é preterida no lar pelo esposo e desonrada pelas suas co-esposas, exatamente como se ela fosse uma criada. Decerto, tal mulher é condenada sob todos os aspectos devido à sua vida pecaminosa.

VERSO 41: Mesmo as criadas que se ocupam em prestar constante serviço ao esposo de sua ama são honradas pelo esposo, e, assim, elas nada têm de que se lamentar. Nossa posição, entretanto, é de criadas da criada. Portanto, somos muito desafortunadas.

VERSO 42: Śrī Śukadeva Gosvāmī continuou: Sentindo-se menosprezadas pelo seu esposo e vendo em Kṛtadyuti a opulência de possuir um filho, as co-esposas de Kṛtadyuti ardiam em uma inveja incessante, a qual já se tornara extremamente forte.

VERSO 43: À medida que sua inveja aumentava, elas perdiam a inteligência. Com o coração extremamente duro e incapazes de tolerar o desprezo que o rei lhes devotava, elas, por fim, ministraram veneno ao menino.

VERSO 44: Sem saber que suas co-esposas haviam administrado o veneno, a rainha Kṛtadyuti caminhava pela casa, pensando que seu filho dormia profundamente. Ela não percebeu que ele estava morto.

VERSO 45: Pensando que seu filho havia dormido por um longo tempo, a rainha Kṛtadyuti, que decerto era muito inteligente, ordenou à babá: “Minha querida amiga, por favor, traze meu filho até aqui.”

VERSO 46: Ao se aproximar da criança, que estava deitada, a criada notou que seus olhos estavam voltados para cima. Não havia sinais de vida, nenhum de seus sentidos funcionava, e ela pôde compreender que a criança estava morta. Vendo isso, ela imediatamente gritou: “Agora, estou condenada”, e caiu ao chão.

VERSO 47: Imensamente perturbada, a criada golpeou seu peito com ambas as mãos e chorou alto, proferindo palavras lamuriosas. Ouvindo seus gritos, a rainha correu imediatamente até o lugar e, ao aproximar-se de seu filho, viu que estava morto.

VERSO 48: Em grande lamentação e com o cabelo e o vestido em desalinho, a rainha, inconsciente, caiu ao chão.

VERSO 49: Ó rei Parīkṣit, ouvindo o choro alto, todos os habitantes do palácio, homens e mulheres, foram até o local. Igualmente pesarosos, também se puseram a chorar. As rainhas que haviam dado veneno também simularam um choro, sabendo perfeitamente bem a ofensa que cometeram.

VERSOS 50-51: Ao tomar conhecimento de que seu filho morrera em decorrência de causas desconhecidas, o rei Citraketu praticamente perdeu a visão. Devido à sua grande afeição pelo filho, a sua lamentação crescia como um fogo abrasador, e, à medida que caminhava em direção ao filho morto, ele escorregava e caía ao chão. Cercado pelos seus ministros e outros funcionários e rodeado também pelos brāhmaṇas eru­ditos ali presentes, o rei se aproximou e caiu inconsciente aos pés do filho, com os cabelos e as vestes em desalinho. Quando o rei, respirando pesadamente, recobrou a consciência, seus olhos lacrimejavam, e ele não conseguia falar.

VERSO 52: Ao ver seu esposo, o rei Citraketu, imerso em grande lamentação, e ao ver o defunto, que era o único filho da família, a rainha se lamentou de muitas maneiras. Isso aumentou a dor no âmago do coração de todos os residentes do palácio, dos ministros e de todos os brāhmaṇas.

VERSO 53: A guirlanda de flores que decorava a cabeça da rainha caiu, e seu cabelo ficou em desalinho. As lágrimas cadentes desfaziam a pintura de seus olhos e umedeciam seus seios, que estavam cobertos de pó de kuṅkuma. À medida que lamentava a perda do filho, seu choro alto lembrava o doce canto de um pássaro kurarī.

VERSO 54: Ai de mim, ó Providência, ó Criador, decerto pouco entendeis de criação, pois, durante o período de vida a que um pai tem direito, deixastes-lhe o filho morrer, agindo, assim, em oposição às leis que regem a Vossa criação. Se estais disposto a contrariar essas leis, é porque sois inimigo das entidades vivas e não tendes misericórdia.

VERSO 55: Meu Senhor, talvez digais não existir lei segundo a qual um pai deva morrer durante a vida de seu filho ou um filho deva nascer durante a vida de seu pai, pois todos vivem e morrem de acordo com suas próprias atividades fruitivas. Entretanto, se a atividade fruitiva é tão forte a ponto de o nascimento e a morte dependerem dela, não há necessidade de um controlador, ou Deus. Por outro lado, se alegardes que é necessário um controlador porque a energia material não tem o poder de agir, fica a resposta de que, se os laços da afeição que criastes forem perturbados pela ação fruitiva, ninguém criará filhos com afeição; ao contrário, todos negligenciarão cruel­mente seus filhos. Como cortastes os laços da afeição que impelem um pai a criar seu filho, pareceis inexperiente e ininteligente.

VERSO 56: Meu querido filho, estou desamparada e muito pesarosa. Não deves te ausentar de mim. Vê só como teu pai se lamenta. Estamos desamparados porque, sem um filho, teremos que sofrer a aflição de ir às mais escuras regiões infernais. És a única esperança de podermos escapar dessas regiões escuras. Portanto, peço-te que não continues tua jornada rumo ao desapiedado Yama.

VERSO 57: Meu querido filho, dormiste por um longo tempo. Agora, por favor, acorda. Teus colegas de folguedo estão te chamando para brincar. Como deves estar muito faminto, por favor, acorda e mama em meu seio e dissipa nossa lamentação.

VERSO 58: Meu querido filho, com certeza sou muito desafortunada, pois já não posso ver teu meigo sorriso. Fechaste os olhos para sempre. Portanto, concluo que foste levado deste para outro planeta, do qual não retornarás. Meu querido filho, não posso mais ouvir tua voz agradável.

VERSO 59: Śrī Śukadeva Gosvāmī prosseguiu: Acompanhado de sua esposa, que dessa maneira lamentava seu filho morto, o rei Citraketu, estando muitíssimo aflito, começou a chorar muito alto e com sua boca escancarada.

VERSO 60: Assim como o rei e a rainha se lamentavam, todos os seus seguidores, homens e mulheres, juntaram-se ao pranto do casal real. Devido ao acontecimento repentino, todos os cidadãos do reino estavam quase inconscientes.

VERSO 61: Ao compreender que o rei quase morrera em um oceano de lamentação, o grande sábio Aṅgirā, que se fazia acompanhar de Nārada Ṛṣi, foi ter com ele.

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