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CAPÍTULO SESSENTA E SETE

O Senhor Balarāma Extermina o Gorila Dvivida

Este capítulo descreve como o Senhor Baladeva desfrutou a com­panhia das jovens de Vraja na montanha Raivataka e lá matou o ma­caco Dvivida.

Narakāsura, um demônio que o Senhor Kṛṣṇa matou, tinha um amigo chamado Dvivida, um macaco. Querendo vingar a morte de seu amigo, Dvivida ateou fogo nas casas dos vaqueiros, devastou a província do Senhor Kṛṣṇa chamada Ānarta e inundou as terras lito­râneas batendo a água do oceano com seus poderosos braços. O pa­tife, então, arrancou as árvores dos āśramas de grandes sábios e chegou até a urinar e defecar no fogo de sacrifício deles. Raptou homens e mulheres e os aprisionou em cavernas na montanha, as quais vedou com grandes blocos de pedras. Depois de atormentar assim toda aquela região e poluir muitas moças de famílias respeitáveis, Dvivida chegou à montanha Raivataka, onde encontrou o Senhor Baladeva a desfrutar em companhia de um grupo de mulheres atraentes. Ignoran­do o Senhor Baladeva, que parecia embriagado por ter bebido vāruṇī, Dvivida, bem na frente dEle, mostrou seu ânus às mulheres e ainda as insultou fazendo gestos grosseiros com suas sobrancelhas e defecando e urinando.

O comportamento ultrajante de Dvivida irritou o Senhor Baladeva, quem, em razão disso, atirou uma pedra contra o macaco. Dvivida, no entanto, conseguiu esquivar-se dela. Então, ele ridicularizou o Senhor Baladeva e puxou as roupas das mulheres. Vendo essa ousadia, o Senhor Baladeva deci­diu matar Dvivida, para o que Ele empunhou Sua maça e Sua arma, o arado. Em seguida, o poderoso Dvivida armou-se com uma árvore śāla, que arrancou do chão, e golpeou a cabeça do Senhor com ela. O Senhor Baladeva, porém, permaneceu imóvel e despedaçou o tronco da árvore. Dvivida arrancou outra árvore, e outra e mais outra, até que a floresta ficou desnuda. Embora ele batesse na cabeça de Baladeva com uma árvore após outra, o Senhor apenas estraçalhava todas as árvores. Então, o tolo macaco passou a disparar um bombardeio de pedras. O Senhor Baladeva pulverizou todas as pedras. Depois disso, Dvivida atacou o Senhor e bateu com os punhos em Seu peito, enfurecendo-O. Deixando de lado Suas armas – a maça e o arado –, o Senhor Balarāma, então, desfechou um golpe na cla­vícula de Dvivida. Nesse momento, o macaco vomitou sangue e caiu morto.

Tendo matado Dvivida, o Senhor Baladeva partiu para Dvārakā enquanto, dos céus, semideuses e sábios lançavam chuvas de flores e ofereciam-Lhe louvores, orações e reverências.

VERSO 1: O glorioso rei Parīkṣit disse: Desejo continuar ouvindo sobre Śrī Balarāma, o ilimitado e imensurável Senhor Supremo, cujas atividades são todas admiráveis. O que mais Ele fez?

VERSO 2: Śrī Śukadeva Gosvāmī disse: Havia um macaco chamado Dvivida que era amigo de Narakāsura. Esse poderoso Dvivida, irmão de Mainda, fora instruído pelo rei Sugrīva.

VERSO 3: Para vingar a morte de seu amigo [Naraka], o macaco Dvivida devastou a terra, provocando incêndios que queimaram cidades, vilas, minas e residências de vaqueiros.

VERSO 4: Certa vez, Dvivida arrancou várias montanhas e as utilizou para devastar todos os reinos adjacentes, sobretudo a província de Ānarta, onde vivia o assassino de seu amigo, o Senhor Hari.

VERSO 5: Em outra ocasião, ele entrou no oceano e, com a força de dez mil elefantes, bateu a água com seus braços e, dessa maneira, inundou as re­giões costeiras.

VERSO 6: O perverso macaco arrancava as árvores dos eremitérios de excelsos sábios e, com suas fezes e urina, contaminava o fogo de sacrifício deles.

VERSO 7: Assim como uma vespa aprisiona insetos menores, ele arrogantemente atirava homens e mulheres em cavernas situadas no vale de uma montanha e vedava a entrada dessas cavernas com enor­mes blocos de pedra.

VERSO 8: Certa vez, enquanto estava assim ocupado em atormentar os reinos adjacentes e poluir mulheres de famílias respeitáveis, Dvivida ouviu um canto muito suave que vinha da montanha Raiva­taka. Então, para lá se dirigiu.

VERSOS 9-10: Ali, ele viu Śrī Balarāma, o Senhor dos Yadus, que usava uma guirlanda de lótus e cujos membros do corpo pareciam todos muito atraentes. Ele estava cantando no meio de uma multidão de moças, e, como consumira a bebida alcoólica vāruṇī, Seus olhos giravam como se Ele estivesse embriagado. Seu corpo tinha um brilho resplandecente enquanto Ele Se comportava como um elefante no cio.

VERSO 11: O perverso macaco subiu no galho de uma árvore e, então, revelou sua presença balançando as árvores e fazendo o som kilakilā.

VERSO 12: Ao verem a petulância do macaco, as consortes do Senhor Baladeva começaram a rir. Afinal, elas não passavam de moci­nhas que gostavam de brincadeiras e tinham inclinação para a tolice.

VERSO 13: Mesmo enquanto o Senhor Balarāma observava, Dvivida insultou as moças fazendo gestos grotescos com as sobrancelhas, ficando bem diante delas e mostrando-lhes o ânus.

VERSOS 14-15: Irado, o Senhor Balarāma, o melhor dos lutadores, arremessou uma rocha contra ele, mas o macaco astuto esquivou-se da pedra e agarrou o pote de bebida do Senhor. Enfurecendo o Senhor Balarāma com seu riso e zombaria, o perverso Dvivida quebrou, então, o pote e ofendeu ainda mais o Senhor puxando as roupas das moças. Dessa maneira, o poderoso macaco, envaidecido em razão do falso orgulho, continuou a insultar Śrī Balarāma.

VERSO 16: O Senhor Balarāma viu o grosseiro comportamento do ma­caco e pensou nas perturbações que este provocara nos reinos adjacentes. Então, tendo decidido matar Seu inimigo, o Senhor, irado, empunhou Suas armas: a maça e o arado.

VERSO 17: O poderoso Dvivida também se adiantou para lutar. Arrancando uma árvore śāla com uma só mão, ele se precipitou con­tra Balarāma e golpeou-Lhe a cabeça com o tronco da árvore.

VERSO 18: Mas o Senhor Saṅkarṣaṇa permaneceu tão imóvel quanto uma montanha e apenas agarrou o tronco enquanto este caía sobre Sua cabeça. Então, golpeou Dvivida com Sua maça, chamada Su­nanda.

VERSOS 19-21: Atingido no crânio pela maça do Senhor, Dvivida, com aquela torrente de sangue a ornamentar o seu corpo, parecia resplandecente, tal qual uma montanha embelezada por óxido vermelho. Sem fazer caso do ferimento, Dvivida arrancou outra árvore, despiu-a de folhas à força bruta e golpeou de novo o Senhor. Agora enfurecido, o Senhor Balarāma partiu a árvore em cente­nas de pedaços. Então, Dvivida agarrou mais outra árvore e furio­samente tornou a atacar o Senhor. Essa árvore o Senhor também estraçalhou em centenas de pedaços.

VERSO 22: Lutando assim com o Senhor, que repetidas vezes destruía as árvores com que era atacado, Dvivida continuou a arrancar árvores de todos os lados até que a floresta ficou destituída delas.

VERSO 23: O irado macaco, então, lançou uma chuva de pedras sobre o Senhor Balarāma, mas o manejador da maça pulverizou todas as pedras sem dificuldade.

VERSO 24: Dvivida, o mais poderoso dos macacos, então cerrou os punhos de seus braços semelhantes a palmeiras, veio para diante do Senhor Balarāma e golpeou-Lhe o corpo com seus punhos.

VERSO 25: Em seguida, o furioso Senhor dos Yādavas deixou de lado Sua maça e arado e, com as mãos vazias, desfechou um golpe na clavícula de Dvivida. O macaco desmoronou, vomitando sangue.

VERSO 26: Quando ele caiu, ó tigre entre os Kurus, a montanha Raivata­ka, juntamente com seus penhascos e árvores, estremeceu, assim como um barco agitado pelo vento no mar.

VERSO 27: Nos céus, os semideuses, os místicos perfeitos e os grandes sábios gritavam: “Que a vitória esteja conVosco! Reverências a Vós! Excelente! Magnífico!”, e também lançavam chuvas de flores sobre o Senhor.

VERSO 28: Tendo assim matado Dvivida, que perturbara o mundo todo, o Senhor Supremo regressou à Sua capital enquanto o povo ao longo do caminho cantava Suas glórias.

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