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CAPÍTULO VINTE E SEIS

O Maravilhoso Kṛṣṇa

Neste capítulo, Nanda Mahārāja descreve aos vaqueiros as opulências de Kṛṣṇa, conforme ele as ouvira de Garga Muni.

Os vaqueiros, desconhecendo o poder do Senhor Kṛṣṇa, espantaram-­se ao verem as várias atividades extraordinárias dEle. Os homens aproximaram-se de Nanda Mahārāja e disseram-lhe que, após ver como Kṛṣṇa, um menino de apenas sete anos de idade, erguera uma montanha e como anteriormente matara a demônia Pūtanā e gerara extrema atração nos corações de todos em Vṛndāvana, eles haviam ficado em dúvida e confusos sobre como Śrī Kṛṣṇa poderia ter nascido no ambiente pouco adequado de uma comunidade de vaqueiros. Nanda respondeu-lhes narrando o que Garga Muni lhe dissera sobre Śrī Kṛṣṇa.

Garga Muni dissera que, nas três eras anteriores, o filho de Nanda manifestara-Se sob as formas branca, vermelha e amarela, ao passo que agora, na era de Dvāpara, assumira Sua forma azul escura, kṛṣṇa­-rūpa. Por ter feito Seu advento como filho de Vasudeva, um de Seus muitos nomes é Vāsudeva, e Ele tem inúmeros outros nomes que in­dicam Suas muitas qualidades e atividades.

Garga Muni predissera que Kṛṣṇa impediria todas as espécies de catástrofe em Gokula, difundiria auspiciosidade ilimitada e aumenta­ria o êxtase dos vaqueiros e de suas esposas. Em uma era anterior, Ele protegera os brāhmaṇas santos quando estes foram molestados por bandidos de baixa classe e não havia um governante adequado na sociedade. Assim como os demônios nos planetas superiores jamais podem derrotar os semideuses que têm o Senhor Viṣṇu a seu lado, jamais algum inimigo pode derrotar aqueles que amam a Kṛṣṇa. Em Sua afinidade por Seus devotos e em Sua opulência e poder, Kṛṣṇa é tal qual o próprio Senhor Nārāyaṇa.

Cheios de alegria e maravilhados diante das declarações de Garga Muni, os vaqueiros concluíram que Kṛṣṇa devia ser um poderoso representante do Senhor Supremo, Nārāyaṇa. Então, eles adoraram Kṛṣṇa e Nanda Mahārāja.

VERSO 1: Śukadeva Gosvāmī disse: Os vaqueiros ficaram atônitos ao verem as atividades de Kṛṣṇa, tais como o erguer da colina Govardhana. Incapazes de compreender Sua potência transcendental, eles se aproximaram de Nanda Mahārāja e disseram-lhe o seguinte.

VERSO 2: [Os vaqueirinhos disseram:] Já que este menino executa atividades tão extraordinárias, como Ele poderia merecer um nasci­mento entre homens mundanos como nós – nascimento este que, para Ele, pareceria desprezível?

VERSO 3: Como este menino de sete anos pôde manter erguida a grande colina Govardhana com uma só mão, assim como um podero­so elefante ergue uma flor de lótus?

VERSO 4: Quando ainda era um mero bebê que mal abrira os olhos, Ele mamou o leite do peito da poderosa demônia Pūtanā e, então, sugou-lhe também o ar vital, assim como a força do tempo suga a juventude do corpo.

VERSO 5: Certa vez, quando tinha apenas três meses, o pequeno Kṛṣṇa começou a chorar e a Se espernear enquanto deitado debaixo de uma enorme carroça. Então, esse caiu e virou de cabeça para baixo somente porque foi atingido pela ponta do dedo do Seu pé.

VERSO 6: Com um ano de idade, enquanto estava sentado tranquilamen­te, Ele foi arrebatado ao céu pelo demônio Tṛṇāvarta. Mas o bebê Kṛṣṇa agarrou o pescoço do demônio, provocando-lhe muita dor, e, dessa maneira, Ele o matou.

VERSO 7: Certa vez, Sua mãe amarrou-O com cordas a um pilão porque O flagrara roubando manteiga. Então, engatinhando, Ele arrastou o pilão para o meio de um par de árvores arjuna e as derrubou.

VERSO 8: Em outra ocasião, enquanto Kṛṣṇa apascentava as vacas na floresta junto com Balarāma e os vaqueirinhos, o demônio Bakāsura aproximou-se com a intenção de matar Kṛṣṇa. Kṛṣṇa, porém, agarrou esse demônio hostil pela boca e o dilacerou.

VERSO 9: Desejando matar Kṛṣṇa, o demônio Vatsa disfarçou-se de bezerro e misturou-se entre os bezerros de Kṛṣṇa. Contudo, Kṛṣṇa matou o demônio e, usando o corpo deste, brincou de derrubar das árvo­res as frutas kapittha.

VERSO 10: Junto com o Senhor Balarāma, Kṛṣṇa matou o demônio asno e todos os amigos deste, garantindo desta forma a segurança da floresta de Tālavana, que abundava de frutas de palmeira bem maduros.

VERSO 11: Depois de fazer os arranjos para que o poderoso Senhor Balarāma matasse o terrível demônio Pralamba, Kṛṣṇa libertou os vaqueirinhos de Vraja e seus animais de um incêndio na floresta.

VERSO 12: Kṛṣṇa castigou a venenosíssima serpente Kāliya e, depois de humildá-la, expulsou-a à força do lago do Yamunā. Dessa ma­neira, o Senhor livrou a água daquele rio do poderoso veneno da serpente.

VERSO 13: Querido Nanda, por que nós e todos os outros residentes de Vraja não conseguimos abandonar nossa constante afeição por teu filho? E por que Ele sente uma atração tão espontânea por nós?

VERSO 14: Por um lado, este menino tem apenas sete anos, e, por outro, vemos que Ele ergueu a grande colina Govardhana. Por isso, ó rei de Vraja, surge em nós uma dúvida sobre teu filho.

VERSO 15: Nanda Mahārāja respondeu: Ó vaqueiros, apenas escutai minhas palavras e deixai que vão embora todas as vossas dúvidas referentes a meu filho. Há algum tempo, Garga Muni disse-me o se­guinte sobre esse garoto.

VERSO 16: [Garga Muni dissera:] Em todo milênio, teu filho Kṛṣṇa aparece como uma encarnação. No passado, Ele assumiu três diferentes cores – branca, vermelha e amarela –, e agora apareceu na cor negra.

VERSO 17: Por muitas razões, este teu belo filho às vezes apareceu em outras oportunidades como o filho de Vasudeva. Portanto, aqueles que são eruditos às vezes chamam esta criança de Vāsudeva.

VERSO 18: Para este teu filho, existem muitas formas e nomes de acordo com Suas qualidades e atividades transcendentais. Eu os conheço a todos, mas as pessoas em geral não os compreendem.

VERSO 19: Para aumentar a bem-aventurança transcendental dos vaqueiros de Gokula, esta criança sempre executará ações que vos serão auspiciosas. E unicamente através de Sua graça, superareis todas as dificuldades.

VERSO 20: Ó Nanda Mahārāja, como se registra na história, quando havia um governo irregular e incompetente, e estando Indra destronado, as pessoas passando então a ser afligidas e perturbadas por ladrões, essa criança apareceu para proteger a população e permiti-la pros­perar, e Ele subjugou os ladrões e assaltantes.

VERSO 21: Os demônios não podem prejudicar os semideuses, que sempre têm a seu lado o Senhor Viṣṇu. Do mesmo modo, nenhuma pessoa ou grupo apegados ao todo-auspicioso Kṛṣṇa poderão ser derrotados pelos inimigos.

VERSO 22: Portanto, ó Nanda Mahārāja, este teu filho é tão bom quanto Nārāyaṇa. Em Suas qualidades, opulência, nome, fama e influência transcendentais, Ele é exatamente como Nārāyaṇa. Logo, não deves surpreender-te com Suas atividades.

VERSO 23: [Nanda Mahārāja continuou:] Depois que Garga Ṛṣi me disse estas palavras e voltou para casa, comecei a considerar que Kṛṣṇa, que nos mantém livres de perturbações, é de fato uma expansão do Senhor Nārāyaṇa.

VERSO 24: [Śukadeva Gosvāmī continuou:] Tendo ouvido Nanda Mahārāja narrar as declarações de Garga Muni, os residentes de Vṛndā­vana ficaram animados. Com sua perplexidade dissipada, eles adoraram Nanda e o Senhor Kṛṣṇa com grande respeito.

VERSO 25: Indra se enfureceu quando seu sacrifício foi interrompido e, por isso, lançou chuva e granizo em Gokula, acompanhados de relâmpagos e ventos poderosos. Tudo isso provocou enorme sofrimento aos vaqueiros, animais e mulheres de lá. Ao ver a condição daqueles que tinham apenas a Ele como refúgio, o Senhor Kṛṣṇa, que por natureza é sempre compassivo, deu um largo sorriso e ergueu a colina Govardhana com uma só mão, assim como uma criancinha levanta um cogumelo para brincar com ele. Dessa maneira, Ele protegeu a comunidade dos vaqueiros. Que Ele, Govinda, o Senhor das vacas e destruidor do falso or­gulho de Indra, fique satisfeito conosco.

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