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CAPÍTULO SEIS

A Queda de Saubhari Muni

Após descrever os descendentes de Mahārāja Ambarīṣa, Śukadeva Gosvāmī descreveu todos os reis, desde Śaśāda até Māndhātā, e, com relação a isso, descreveu também como o grande sábio Saubhari casou-se com as filhas de Māndhātā.

Mahārāja Ambarīṣa teve três filhos, chamados Virūpa, Ketumān e Śambhu. O filho de Virūpa foi Pṛṣadaśva, cujo filho foi Rathītara. Rathītara não teve filhos, mas, ao pedir o favor do grande sábio Aṅgirā, o sábio gerou vários filhos no ventre da esposa de Rathītara. Ao nascerem, os filhos tornaram-se a dinastia de Aṅgirā Ṛṣi e de Rathītara.

O filho de Manu foi Ikṣvāku, que teve cem filhos, dos quais Vikukṣi, Nimi e Daṇḍakā foram os mais velhos. Os filhos de Mahā­rāja Ikṣvāku tornaram-se os reis de diversas partes do mundo. Por violar as regras e regulações dos sacrifícios, um desses filhos, Vikuk­ṣi, foi banido do reino. Por misericórdia de Vasiṣṭha e pelo poder do yoga místico, Mahārāja Ikṣvāku alcançou a liberação após abando­nar seu corpo material. Quando terminou o tempo de Mahārāja Ikṣvāku, seu filho Vikukṣi retornou e se encarregou do reino. Ele realizou várias espé­cies de sacrifícios e, com isso, satisfez a Suprema Personalidade de Deus. Mais tarde, esse Vikukṣi tornou-se célebre como Śaśāda.

Em favor dos semideuses, o filho de Vikukṣi lutou contra os demônios e, devido ao seu valioso serviço, tornou-se famoso como Purañjaya, Indravāha e Kakutstha. O filho de Purañjaya foi Anenā, o filho de Anenā foi Pṛthu, e o filho de Pṛthu foi Viśvagandhi. O filho de Viśvagandhi foi Candra, o filho de Candra foi Yuvanāśva, e o filho deste foi Śrāvasta, que construiu Śrāvastī Purī. O filho de Śrāvasta foi Bṛhadaśva. Kuvalayāśva, o filho de Bṛhadaśva, matou um demônio chamado Dhundhu e, em razão disso, tornou-se célebre como Dhundhumāra, “aquele que exterminou Dhundhu”. Os filhos da­quele que matou Dhundhu foram Dṛḍhāśva, Kapilāśva e Bhadrāśva. Ele também teve milhares de outros filhos, mas eles foram reduzidos a cinzas no fogo que emanava de Dhundhu. O filho de Dṛḍhāśva foi Haryaśva, o filho de Haryaśva foi Nikumbha, o filho de Nikumbha foi Bahulāśva, e o filho de Bahulāśva foi Kṛśāśva. O filho de Kṛśāśva foi Senajit, cujo filho foi Yuvanāśva.

Yuvanāśva casou-se com cem esposas, mas não teve filhos, de modo que partiu para a floresta. Na floresta, os sábios realizaram em seu benefício um sacrifício conhecido como Indra-yajña. Porém, houve um momento na floresta em que o rei ficou com tanta sede que bebeu a água reservada para a realização do yajña. Consequen­temente, após algum tempo, um filho brotou do lado direito de seu abdômen. O filho, que era belíssimo, chorava, querendo beber leite materno, de modo que Indra deu seu dedo indicador para a criança chupar. Assim, o filho se tornou conhecido como Māndhātā. No decorrer do tempo, Yuvanāśva alcançou a perfeição executando austeridades.

Em seguida, Māndhātā tornou-se imperador e governou a Terra, que consiste em sete ilhas. Ladrões e assaltantes temiam muito esse poderoso rei, daí o rei ter ficado conhecido como Trasaddasyu, que significa “aquele que é muito temido pelos ladrões e assaltantes”. No ventre de sua esposa Bindumatī, Māndhātā gerou filhos. Esses filhos foram Purukutsa, Ambarīṣa e Mucukunda. Esses três filhos tiveram cinquenta irmãs, todas as quais se tornaram esposas do grande sábio conhecido como Saubhari.

Em relação a isso, Śukadeva Gosvāmī descreveu a história de Saubhari Muni, que, devido à agitação sensual causada por um peixe, caiu de seu yoga e, em busca de prazer sexual, quis casar-se com todas as filhas de Māndhātā. Mais tarde, Saubhari Muni arrepen­deu-se muito. Então, ele aceitou a ordem de vānaprastha, realizou aus­teridades rigorosíssimas e, dessa maneira, alcançou a perfeição. A esse respeito, Śukadeva Gosvāmī descreveu como as esposas de Saubhari Muni também se tornaram perfeitas.

VERSO 1: Śukadeva Gosvāmī disse: Ó Mahārāja Parīkṣit, Ambarīṣa teve três filhos, chamados Virūpa, Ketumān e Śambhu. De Virūpa, surgiu um filho chamado Pṛṣadaśva, e de Pṛṣadaśva, veio um filho chamado Rathītara.

VERSO 2: Rathītara não teve filhos e, portanto, pediu ao grande sábio Aṅgirā que gerasse filhos para ele. Devido a esse pedido, Aṅgirā gerou filhos no ventre da esposa de Rathītara. Todos esses filhos nasceram com poderes bramânicos.

VERSO 3: Tendo nascido do ventre da esposa de Rathītara, todos esses filhos eram conhecidos como pertencentes à dinastia de Rathītara, mas, como nasceram do sêmen de Aṅgirā, também eram conhecidos como a dinastia de Aṅgirā. Entre toda a progênie de Rathītara, esses filhos eram muito notáveis, pois, devido ao seu nascimento, eram consi­derados brāhmaṇas.

VERSO 4: O filho de Manu foi Ikṣvāku. Quando Manu espirrou, Ikṣvāku nasceu de suas narinas. O rei Ikṣvāku teve cem filhos, dentre os quais se destacavam Vikukṣi, Nimi e Daṇḍakā.

VERSO 5: Dos cem filhos, vinte e cinco se tornaram reis na parte ocidental de Āryāvarta, um lugar situado entre os Himalaias e as montanhas Vindhya. Outros vinte e cinco filhos se tornaram reis na parte orien­tal de Āryāvarta, e os três principais filhos se tornaram reis na região central. Os outros filhos se tornaram reis em vários outros lugares.

VERSO 6: Durante os meses de janeiro, fevereiro e março, as oblações apre­sentadas aos antepassados se chamam aṣṭakā-śrāddha. A cerimônia śrāddha é realizada durante a quinzena da lua nova do respectivo mês. Quando Mahārāja Ikṣvāku fazia suas oblações nesta cerimô­nia, ele ordenou que seu filho Vikukṣi fosse imediatamente à floresta para trazer alguma carne pura.

VERSO 7: Em seguida, o filho de Ikṣvāku, Vikukṣi, foi para a floresta e matou muitos animais que serviam perfeitamente para as oblações. Mas aconteceu que, fatigado e faminto, ele caiu vítima do esquecimento e comeu um coelho que matara.

VERSO 8: Vikukṣi ofereceu os restos da carne ao rei Ikṣvāku, que a deu a Va­siṣṭha para que este a purificasse. Mas Vasiṣṭha percebeu imediatamente que parte da carne fora comida por Vikukṣi e, portanto, disse que ela não podia ser usada na cerimônia śrāddha.

VERSO 9: Ao receber esta informação de Vasiṣṭha, o rei Ikṣvāku compreen­deu o que seu filho Vikukṣi fizera e ficou extremamente irado. Então, ele ordenou que Vikukṣi deixasse aquela região, visto que Vikukṣi vio­lara os princípios reguladores.

VERSO 10: Tendo sido instruído pelo grande e erudito brāhmaṇa Vasiṣṭha, que falava acerca da Verdade Absoluta, Mahārāja Ikṣvāku se tornou­ um renunciante. Seguindo os princípios de um yogī, ele certamente alcançou a perfeição suprema após abandonar seu corpo material.

VERSO 11: Após o desaparecimento de seu pai, Vikukṣi retornou à região e, então, tornou-se rei, governando o planeta Terra e realizando vários sacrifícios para satisfazer a Suprema Personalidade de Deus. Mais tarde, Vikukṣi tornou-se célebre como Śaśāda.

VERSO 12: O filho de Śaśāda foi Purañjaya, que também é conhecido como Indravāha e, às vezes, como Kakutstha. Por favor, ouve-me enquanto narro como ele recebeu diferentes nomes por diferentes atividades.

VERSO 13: Outrora, houve uma guerra devastadora, travada entre os semideuses e os demônios. Os semideuses, tendo sido derrotados, aceita­ram Purañjaya como seu assistente e, então, venceram os demônios. Portanto, este herói é conhecido como Purañjaya, “aquele que con­quistou a residência dos demônios”.

VERSO 14: Com a condição de que Indra se tornasse seu carregador, Purañjaya concordou em matar todos os demônios. Devido ao orgulho, Indra não pôde aceitar essa proposta, até que mais tarde, por ordem do Senhor Supremo, Viṣṇu, Indra aceitou e tornou-se um grande touro, que serviu de montaria para Purañjaya.

VERSOS 15-16: Bem protegido pelo escudo e desejando lutar, Purañjaya empunhou um arco transcendental e flechas muito afiadas, e, enquanto era altamente louvado pelos semideuses, montou nas costas do touro [Indra] e sentou-se sobre sua corcova. Por isso, ele é conhecido como Kakutstha. Sendo dotado de poder pelo Senhor Viṣṇu, que é a Su­peralma e a Pessoa Suprema, Purañjaya sentou-se no grande touro e, portanto, é conhecido como Indravāha. Cercado pelos semideuses, ele atacou a oeste a residência dos demônios.

VERSO 17: Houve uma feroz batalha entre os demônios e Purañjaya. Na ver­dade, foi tão feroz que, quando alguém ouve acerca dela, seus cabe­los arrepiam-se. Todos os demônios corajosos o bastante para enfrentar Purañjaya foram atingidos por suas flechas e imediatamente enviados à residência de Yamarāja.

VERSO 18: Para se salvarem das flechas abrasadoras de Indravāha, que pareciam as chamas da devastação no final do milênio, os demônios que sobreviveram quando o resto de seu exército foi morto fugiram às pressas para as suas respectivas residências.

VERSO 19: Após derrotar os inimigos, o santo rei Purañjaya deu tudo, incluindo as riquezas e esposas do inimigo, a Indra, que carrega um raio. Eis porque ele é festejado como Purañjaya. Assim, Purañjaya é conhecido por diferentes nomes devido às suas diferentes atividades.

VERSO 20: O filho de Purañjaya era conhecido como Anenā, o filho de Anenā foi Pṛthu, e o filho de Pṛthu foi Viśvagandhi. O filho de Viśva­gandhi foi Candra, e o filho de Candra foi Yuvanāśva.

VERSO 21: O filho de Yuvanāśva foi Śrāvasta, que construiu uma província conhecida como Śrāvastī Purī. O filho de Śrāvasta foi Bṛhadaśva, e seu filho foi Kuvalayāśva. Dessa maneira, a dinastia aumentava.

VERSO 22: Para satisfazer o sábio Utaṅka, o poderosíssimo Kuvalayāśva matou o demônio chamado Dhundhu. Ele conseguiu isso com a ajuda de seus vinte e um mil filhos.

VERSOS 23-24: Ó Mahārāja Parīkṣit, por essa razão, Kuvalayāśva é célebre como Dhundhumāra [“aquele que matou Dhundhu”]. Entretanto, exce­tuando-se três de seus filhos, todos os outros foram reduzidos a cinzas pelo fogo que emanava de boca de Dhundhu. Os filhos sobreviven­tes foram Dṛḍhāśva, Kapilāśva e Bhadrāśva. De Dṛḍhāśva, surgiu um filho chamado Haryaśva, cujo filho é célebre como Nikumbha.

VERSO 25: O filho de Nikumbha foi Bahulāśva, o filho de Bahulāśva foi Kṛśāśva, o filho de Kṛśāśva foi Senajit, e o filho de Senajit foi Yuvanāśva. Yuvanāśva não teve filhos e, em razão disso, retirou-se da vida fami­liar e foi para a floresta.

VERSO 26: Embora tivessem acompanhado Yuvanāśva à floresta, todas as suas cem esposas ficaram muito melancólicas. Na floresta, entretan­to, os sábios, sendo muito bondosos com o rei, começaram muito cui­dadosa e atentamente a executar o Indra-yajña para que o rei pudesse ter um filho.

VERSO 27: Sentindo sede certa noite, o rei se adentrou na arena de sacrifício e, quando viu que todos os brāhmaṇas estavam deitados, ele pessoal­mente bebeu a água santificada destinada a ser bebida por sua esposa.

VERSO 28: Ao se levantarem da cama e ver o cântaro vazio, os brāhmaṇas quiseram saber quem foi que se atrevera a beber a água destinada a gerar um filho.

VERSO 29: Ao compreenderem que o rei, inspirado pelo controlador supremo, bebera a água, todos os brāhmaṇas exclamaram: “Oh! O poder da providência é o verdadeiro poder! Ninguém pode combater o poder do Supremo.” Dessa maneira, eles ofereceram suas respeitosas reve­rências ao Senhor.

VERSO 30: Então, no devido curso do tempo, um filho com todos os sintomas de um rei poderoso surgiu do lado inferior direito do abdômen do rei Yuvanāśva.

VERSO 31: O bebê chorava tanto por leite materno que todos os brāhmaṇas ficaram muito infelizes. “Quem cuidará desse bebê?”, eles se perguntavam. Então, Indra, que era adorado naquele yajña, apareceu e consolou o bebê. “Não chores”, disse Indra. Nesse momento, Indra colocou seu dedo indicador na boca do bebê e disse: “Pode beber-me.”

VERSO 32: Porque foi abençoado pelos brāhmaṇas, Yuvanāśva, o pai do bebê, não caiu vítima da morte. Após esse episódio, ele realizou rigorosas austeridades e alcançou a perfeição, naquele mesmo lugar.

VERSOS 33-34: Māndhātā, o filho de Yuvanāśva, causava medo a Rāvaṇa e outros ladrões e assaltantes que traziam ansiedade. Ó rei Parīkṣit, visto que eles o temiam, o filho de Yuvanāśva era conhecido como Tra­saddasyu, nome este dado pelo rei Indra. Pela misericórdia da Su­prema Personalidade de Deus, o filho de Yuvanāśva era tão poderoso que, ao tornar-se o imperador, ele governou o mundo inteiro, que consiste em sete ilhas, sem a ajuda de nenhum outro governante.

VERSOS 35-36: A Suprema Personalidade de Deus não é diferente dos aspectos auspiciosos dos grandes sacrifícios, tais como os ingredientes do sacrifício, o canto de hinos védicos, os princípios reguladores, o exe­cutor, os sacerdotes, o resultado do sacrifício, a arena do sacrifício e o tempo do sacrifício. Conhecendo os princípios da autorrealização, Māndhātā adorou a Alma Suprema transcendentalmente situada, a Suprema Personalidade de Deus, o Senhor Viṣṇu, que abrange todos os semideuses. Ele também fez muitíssima caridade aos brāhmaṇas e, dessa maneira, realizou yajña para adorar o Senhor.

VERSO 37: Todos os lugares, desde o local onde o Sol nasce no horizonte, brilhando refulgentemente, até o local onde o Sol se põe, são conhecidos como propriedades do célebre Māndhātā, o filho de Yuvanāśva.

VERSO 38: Māndhātā gerou três filhos no ventre de Bindumatī, a filha de Śaśabindu. Esses filhos eram Purukutsa, Ambarīṣa e Mucukunda, um grande yogī místico. Esses três irmãos tinham cinquenta irmãs, todas as quais aceitaram como esposo o grande sábio Saubhari.

VERSOS 39-40: Nas profundezas da água do rio Yamunā, Saubhari Ṛṣi estava ocupado em austeridades quando viu um casal de peixes dedicados à atividade sexual. Com isso, ele percebeu o prazer da vida sexual e, induzido por esse desejo, foi ter com o rei Māndhātā e pediu-lhe uma das filhas. Em resposta a esse pedido, o rei disse: “Ó brāhmaṇa, minhas filhas podem aceitar qualquer esposo que elas mesmas escolherem.”

VERSOS 41-42: Saubhari Muni pensou: Agora estou debilitado devido à velhice. Meu cabelo tornou-se grisalho, minha pele está flácida e minha cabeça está sempre trêmula. Ademais, sou um yogī. Portanto, as mulheres não gostam de mim. Uma vez que o rei me rejeitou dessa maneira, devo modificar meu corpo de tal maneira que serei desejado não apenas pelas filhas de reis mundanos, mas até mesmo pelas mulheres celestiais.

VERSO 43: Então, quando Saubhari Muni se transformou em uma pessoa muito jovem e bela, o mensageiro do palácio o levou para o interior dos aposentos das princesas, que eram extremamente opulentos. Todas as cinquenta princesas aceitaram-no, então, como seu esposo, embora ele fosse apenas um único homem.

VERSO 44: Depois disso, as princesas, sentindo-se atraídas por Saubhari Muni, abandonaram seu relacionamento fraterno e brigaram entre si, cada uma delas alegando: “Este homem é exatamente adequado a mim, e não a ti.” Dessa maneira, surgiu grande discórdia.

VERSOS 45-46: Porque Saubhari Muni era hábil em cantar mantras perfeitamente, suas rigorosas austeridades propiciaram-lhe um lar opulento, com roupas, adornos, criados e criadas devidamente vestidos e decora­dos, e muitas variedades de parques com lagos de águas cristalinas e com jardins. Nos jardins, perfumados por muitas variedades de flores, os pássaros chilreavam e as abelhas zumbiam, cercados pelos cantores profissionais. O lar de Saubhari Muni era amplamente pro­vido de camas e assentos luxuosos, ornamentos e locais de banho, e havia muitas variedades de cremes de sândalo, guirlandas de flores e pratos saborosos. Cercado assim por opulenta parafernália, o Muni ocupava-se em afazeres familiares com suas numerosas esposas.

VERSO 47: Māndhātā, o rei do mundo todo, que consiste em sete ilhas, ficou maravilhado ao ver a opulência doméstica de Saubhari Muni. Assim, ele abandonou o falso prestígio que adquirira em sua posição de im­perador do mundo.

VERSO 48: Dessa maneira, Saubhari Muni experimentou gozo dos sentidos no mundo material, mas não ficou satisfeito de modo algum, assim como o fogo jamais se apaga caso constantemente alimentado por gotas de gordura.

VERSO 49: Depois disso, certo dia em que Saubhari Muni, que era hábil em cantar mantras, estava sentado em um lugar solitário, ele pensou consigo sobre a causa de sua queda, a qual acontecera porque ele simplesmente ficara impressionado com a atividade sexual de um peixe.

VERSO 50: Ai de mim! Enquanto praticava austeridades, mesmo nas profundezas da água, e enquanto seguia todas as regras e regulações prati­cadas pelas pessoas santas, perdi os resultados de minhas grandes austeridades, simplesmente porque fiquei interessado nas atividades sexuais de um peixe. Todos devem pensar sobre essa queda e aprender algo com isso.

VERSO 51: Alguém que deseja libertar-se do cativeiro material deve abando­nar a companhia de pessoas interessadas em vida sexual e não deve empregar seus sentidos em afazeres externos [isto é, em ver, ouvir, falar, caminhar e assim por diante], senão que deve sempre permanecer em um lugar solitário, fixando toda a sua mente nos pés de lótus da ili­mitada Personalidade de Deus, e se acaso quiser alguma associação, deve associar-se com pessoas cujas ocupações se coadunem com as suas.

VERSO 52: No começo, eu estava sozinho e ocupado em realizar as austerida­des do yogo místico. Mais tarde, porém, devido à associação com o peixe que estava ocupado em sexo, desejei casar-me. Então, tornei-me o esposo de cinquenta mulheres e, em cada uma delas, gerei cem filhos, e minha família recebeu esses cinco mil membros. Pela influência dos modos da natureza material, caí, pensando que seria feliz na vida material. Mas vejo que meus desejos de obter gozo ma­terial nunca terminam, nem nesta vida, nem na próxima.

VERSO 53: Dessa maneira, durante algum tempo, ele passou sua vida envolvido com afazeres domésticos, mas, posteriormente, desapegou-se do gozo material. Para renunciar à associação material, aceitou a ordem de vānaprastha e foi para a floresta. Suas devotadas esposas seguiram-no, pois seu esposo era seu único abrigo.

VERSO 54: Quando Saubhari Muni, que era inteiramente versado no eu, foi para a floresta, ele realizou severas penitências. Dessa maneira, no fogo do momento da morte, ele se ocupou definitivamente a serviço da Suprema Personalidade de Deus.

VERSO 55: Ó Mahārāja Parīkṣit, observando o progresso que seu esposo alcançou em existência espiritual, as esposas de Saubhari Muni, através do seu poder espiritual, também foram capazes de entrar no mundo espiritual, assim como a chama de um fogo cessa quando o fogo se extingue.

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