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Capítulo Seis

A Progênie das Filhas de Dakṣa

Como se descreve neste capítulo, o Prajāpati Dakṣa gerou sessenta filhas no ventre de sua esposa Asiknī. Para aumentar a população, essas filhas foram dadas em caridade a várias pessoas. Uma vez que tais descendentes de Dakṣa eram mulheres, Nārada Muni não tentou conduzi-las à ordem de vida renunciada. Assim, as filhas foram salvas de Nārada Muni. Dez das filhas foram dadas em casamento a Dharmarāja, treze a Kaśyapa Muni, e vinte e sete a Candra, o deus da Lua. Dessa maneira, distribuíram-se cinquenta filhas, e, das dez filhas restantes, quatro foram dadas a Kaśyapa, e duas foram dadas a cada um destes: Bhūta, Aṅgirā e Kṛśāśva. Deve-se saber que foi devido à união dessas sessenta filhas com várias personalidades insignes que todo o universo foi povoado com várias espécies de entidades vivas, tais como seres humanos, semideuses, demônios, feras, pássaros e serpentes.

VERSO 1: Śrī Śukadeva Gosvāmī disse: Meu querido rei, depois disso, a pe­dido do senhor Brahmā, o Prajāpati Dakṣa, que é conhecido como Prācetasa, gerou sessenta filhas no ventre de sua esposa Asiknī. Todas as filhas tinham muita afeição pelo seu pai.

VERSO 2: Ele deu dez filhas em caridade a Dharmarāja [Yamarāja], treze a Kaśyapa [primeiro doze e, depois, mais uma], vinte e sete ao deus da Lua e duas a cada um destes: Aṅgirā, Kṛśāśva e Bhūta. As outras quatro filhas foram dadas a Kaśyapa [assim, Kaśyapa recebeu, ao todo, dezessete filhas].

VERSO 3: Agora, por favor, ouve enquanto enumero os nomes de todas essas filhas e de seus descendentes, que povoaram todos os três mundos.

VERSO 4: As dez filhas dadas a Yamarāja se chamavam Bhānu, Lambā, Kakud, Yāmi, Viśvā, Sādhyā, Marutvatī, Vasu, Muhūrtā e Saṅ­kalpā. Agora, ouve os nomes de seus filhos.

VERSO 5: Ó rei, um filho chamado Deva-ṛṣabha nasceu do ventre de Bhānu, e ele gerou um filho chamado Indrasena. Do ventre de Lambā, veio à luz um filho chamado Vidyota, que gerou todas as nuvens.

VERSO 6: Do ventre de Kakud, veio à luz o filho chamado Saṅkaṭa, cujo filho se chamava Kīkaṭa. De Kīkaṭa, vieram os semideuses chama­dos Durgā. De Yāmi, nasceu um filho chamado Svarga, cujo filho se chamava Nandi.

VERSO 7: Os filhos de Viśvā foram os Viśvadevas, que não tiveram progênie. Do ventre de Sādhyā, vieram os Sādhyas, que tiveram um filho chamado Arthasiddhi.

VERSO 8: Os dois filhos que nasceram do ventre de Marutvatī foram Maru­tvān e Jayanta. Jayanta, uma expansão do Senhor Vāsudeva, é conhecido como Upendra.

VERSO 9: Os semideuses chamados Mauhūrtikas nasceram do ventre de Muhūrtā. Esses semideuses conferem os resultados das ações das entidades vivas de suas respectivas eras.

VERSOS 10-11: O filho de Saṅkalpā era conhecido como Saṅkalpa, e dele nasceu a luxúria. Os filhos de Vasu eram conhecidos como os oito Vasus. Ouve, então, enquanto menciono seus nomes: Droṇa, Prāṇa, Dhruva, Arka, Agni, Doṣa, Vāstu e Vibhāvasu. De Abhimati, a esposa do Vasu chamado Droṇa, foram gerados os filhos chamados Harṣa, Śoka, Bhaya e assim por diante.

VERSO 12: Ūrjasvatī, a esposa de Prāṇa, deu à luz três filhos, chamados Saha, Āyus e Purojava. A esposa de Dhruva era conhecida como Dharaṇi, e, a partir de seu ventre, nasceram várias cidades.

VERSO 13: Do ventre de Vāsanā, a esposa de Arka, nasceram muitos filhos, encabeçados por Tarṣa. Dhārā, esposa do Vasu chamado Agni, deu à luz muitos filhos, liderados por Draviṇaka.

VERSO 14: De Kṛttikā, outra esposa de Agni, nasceu o filho chamado Skanda, Kārttikeya, cujos filhos eram encabeçados por Viśākha. Do ventre de Śarvarī, esposa do Vasu chamado Doṣa, veio à luz o filho chamado Śiśumāra, que era uma expansão da Suprema Personalidade de Deus.

VERSO 15: De Āṅgirasī, a esposa do Vasu chamado Vāstu, nasceu o grande arquiteto Viśvakarmā. Viśvakarmā se tornou o esposo de Ākṛtī, de quem nasceu o Manu chamado Cākṣuṣa. Os filhos do Manu eram conhecidos como Viśvadevas e Sādhyas.

VERSO 16: Ūṣā, a esposa de Vibhāvasu, deu à luz três filhos – Vyuṣṭa, Rociṣa e Ātapa. De Ātapa, surgiu Pañcayāma, a duração do dia, que desperta todas as entidades vivas para executarem atividades materiais.

VERSOS 17-18: Sarūpā, a esposa de Bhūta, deu à luz dez milhões de Rudras, dentre os quais os onze principais Rudras eram Raivata, Aja, Bhava, Bhīma, Vāma, Ugra, Vṛṣākapi, Ajaikapāt, Ahirbradhna, Bahurūpa e Mahān. Seus associados, os fantasmas e duendes, que são bem ater­rorizantes, nasceram da outra esposa de Bhūta.

VERSO 19: O prajāpati Aṅgirā teve duas esposas, chamadas Svadhā e Satī. A esposa chamada Svadhā aceitou todos os Pitās como seus filhos, e Satī aceitou o Atharvāṅgirasa Veda como seu filho.

VERSO 20: Kṛśāśva teve duas esposas, chamadas Arcis e Dhiṣaṇā. Na esposa chamada Arcis, ele gerou Dhūmaketu e, em Dhiṣaṇā, ele gerou quatro filhos, chamados Vedaśirā, Devala, Vayuna e Manu.

VERSOS 21-22: Kaśyapa, que também é chamado Tārkṣya, teve quatro esposas – Vinatā [Suparṇā], Kadrū, Pataṅgī e Yāminī. Pataṅgī deu à luz muitas classes de pássaros, e Yāminī deu à luz gafanhotos. Vinatā [Suparṇā] deu à luz Garuḍa, o carregador do Senhor Viṣṇu, e Anūru, ou Aruṇa, o quadrigário do deus do Sol. Kadrū deu à luz diferentes variedades de serpentes.

VERSO 23: Ó Mahārāja Parīkṣit, melhor entre os Bhāratas, todas as conste­lações chamadas Kṛttikā eram esposas do deus da Lua. Entretanto, porque o Prajāpati Dakṣa o amaldiçoara a sofrer uma doença degenerativa, o deus da Lua não pôde gerar filhos em nenhuma de suas esposas.

VERSOS 24-26: Depois disso, o rei da Lua, usando de palavras corteses, apaziguou o Prajāpati Dakṣa e, dessa maneira, conseguiu reaver as porções de luz que perdera por ocasião de sua doença. Entretanto, ele não pôde gerar filhos. A Lua perde seu brilho durante a quinzena do min­guante, e, na quinzena do crescente, ele volta a se manifestar. Ó rei Parīkṣit, agora, por favor, ouve enquanto enuncio os nomes das esposas de Kaśyapa, as quais produziram toda a população do universo. Elas são as mães de quase toda a população do universo inteiro, e é muito auspicioso ouvir os seus nomes. Elas são Aditi, Diti, Danu, Kāṣṭhā, Ariṣṭā, Surasā, Ilā, Muni, Krodhavaśā, Tāmrā, Surabhi, Saramā e Timi. Do ventre de Timi, nasceram todos os seres aquáticos, e, do ventre de Saramā, nasceram os animais ferozes, tais como os tigres e os leões.

VERSO 27: Meu querido rei Parīkṣit, do ventre de Surabhi, nasceram o búfa­lo, a vaca e outros animais de cascos fendidos; do ventre de Tāmrā, nasceram as águias, os abutres e outras grandes aves de rapina, e, do ventre de Muni, nasceram os anjos.

VERSO 28: Os filhos nascidos de Krodhavaśā foram as serpentes conhecidas como dandaśūka, bem como outras serpentes e os mosquitos. Todas as várias trepadeiras e árvores nasceram do ventre de Ilā. Os Rāk­ṣasas, maus espíritos, nasceram do ventre de Surasā.

VERSOS 29-31: Os Gandharvas nasceram do ventre de Ariṣṭā, e os animais cujos cascos não são fendidos, tais como o cavalo, nasceram do ventre de Kāṣṭhā. Ó rei, do ventre de Danu, apareceram sessenta e um filhos, dentre os quais estes dezoito foram importantes: Dvimūrdhā, Śambara, Ariṣṭa, Hayagrīva, Vibhāvasu, Ayomukha, Śaṅkuśirā, Svarbhānu, Kapila, Aruṇa, Pulomā, Vṛṣaparvā, Ekacakra, Anutāpana, Dhūmrakeśa, Virūpākṣa, Vipracitti e Durjaya.

VERSO 32: A filha de Svarbhānu, chamada Suprabhā, foi desposada por Na­muci. A filha de Vṛṣaparvā, chamada Śarmiṣṭhā, teve como esposo o poderoso rei Yayāti, filho de Nahuṣa.

VERSOS 33-36: Vaiśvānara, o filho de Danu, teve quatro belas filhas, chamadas Upadānavī, Hayaśirā, Pulomā e Kālakā. Hiraṇyākṣa desposou Upadānavī, e Kratu se casou com Hayaśirā. Depois disso, a pedido do senhor Brahmā, o prajāpati Kaśyapa se casou com Pulomā e Kālakā, as outras duas filhas de Vaiśvānara. Nessas duas esposas, Kaśyapa gerou sessenta mil filhos, encabeçados por Nivātakavaca e que são conhecidos como Paulomas e Kālakeyas. Eles tinham muita força física e habilidade de lutar, e somente queriam perturbar os sacrifí­cios executados pelos grandes sábios. Meu querido rei, quando teu avô Arjuna foi aos planetas celestiais, sozinho ele matou todos esses demônios, em consequência do que o rei Indra desenvolveu grande afeição por ele.

VERSO 37: Em sua esposa Siṁhikā, Vipracitti gerou cento e um filhos, dentre os quais Rāhu é o mais velho, e os outros são os cem Ketus. Todos eles alcançaram posições em planetas importantes.

VERSOS 38-39: Agora, por favor, escuta enquanto faço a descrição cronológica dos descendentes de Aditi. Nessa dinastia, Nārāyaṇa, a Suprema Personalidade de Deus, fez Seu advento como uma expansão plenária. São os seguintes os nomes dos filhos de Aditi: Vivasvān, Aryamā, Pūṣā, Tvaṣṭā, Savitā, Bhaga, Dhātā, Vidhātā, Varuṇa, Mitra, Śatru e Urukrama.

VERSO 40: Saṁjñā, a esposa de Vivasvān, o deus do Sol, deu à luz o Manu chamado Śrāddhadeva, e essa mesma esposa afortunada também deu à luz os gêmeos Yamarāja e o rio Yamunā. Então, Yamī, enquanto vagava pela Terra sob a forma de uma égua, deu à luz os Aśvinī-kumāras.

VERSO 41: Chāyā, outra esposa do deus do Sol, gerou dois filhos chamados Śanaiścara e Sāvarṇi Manu, e uma filha, Tapatī, que se casou com Saṁvaraṇa.

VERSO 42: Do ventre de Mātṛkā, a esposa de Aryamā, nasceram muitos sábios eruditos. Dentre eles, o senhor Brahmā criou as espécies humanas, que têm a aptidão para a autoanálise.

VERSO 43: Pūṣā não teve filhos. Quando o senhor Śiva ficou irado contra Dakṣa, Pūṣā riu do senhor Śiva e mostrou seus dentes. Portanto, perdeu os dentes e teve que se manter vivo comendo apenas farinha moída.

VERSO 44: Racanā, a filha dos Daityas, tornou-se a esposa do prajāpati Tvaṣṭā. Através do seu sêmen, ele gerou dois filhos poderosíssimos no ventre dela, chamados Sanniveśa e Viśvarūpa.

VERSO 45: Embora Viśvarūpa fosse filho da filha de seus eternos inimigos demônios, os semideuses, em acato à ordem de Brahmā, aceitaram-no como seu sacerdote quando eles foram abandonados pelo seu mestre espiritual, Bṛhaspati, a quem desrespeitaram.

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