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Capítulo Quinze

Aparecimento e Coroação do Rei Pṛthu

VERSO 1: O grande sábio Maitreya prosseguiu: Meu querido Vidura, assim, os brāhmaṇas e os grandes sábios agitaram novamente os dois braços do corpo morto do rei Vena. Como resultado, surgiu um casal de seus braços.

VERSO 2: Os grandes sábios eram altamente eruditos em conhecimento védico. Ao verem o casal nascido dos braços do corpo de Vena, ficaram muito satisfeitos, pois puderam compreender que aquele casal era uma expansão de uma porção plenária de Viṣṇu, a Suprema Personalidade de Deus.

VERSO 3: Os grandes sábios disseram: O homem é uma expansão plenária do poder do Senhor Viṣṇu, que mantém todo o universo, e a mulher é uma expansão plenária da deusa da fortuna, que jamais se separa do Senhor.

VERSO 4: Dos dois, o homem será capaz de expandir sua reputação pelo mundo inteiro. Seu nome será Pṛthu. Em verdade, ele será o mais importante entre os reis.

VERSO 5: A mulher tem dentes tão lindos e qualidades tão belas que, na verdade, ela embelezará os adornos que usar. Seu nome será Arci. No futuro, ela aceitará o rei Pṛthu como seu esposo.

VERSO 6: Sob a forma do rei Pṛthu, a Suprema Personalidade de Deus aparece através de uma parte de Sua potência para proteger a população do mundo. A deusa da fortuna é a companheira constante do Senhor, em virtude do que encarna parcialmente como Arci para se tornar a rainha do rei Pṛthu.

VERSO 7: O grande sábio Maitreya continuou: Meu querido Vidurajī, naquela ocasião, todos os brāhmaṇas louvaram e glorificaram sumamente o rei Pṛthu, e os melhores cantores de Gandharvaloka cantaram suas glórias. Os habitantes de Siddhaloka jogaram flores, e as belas mulheres nos planetas celestiais dançaram em êxtase.

VERSO 8: Búzios, cornetas, tambores e timbales vibraram no espaço exterior. Grandes sábios, antepassados e personalidades dos planetas celestiais vieram todos à Terra, provenientes de vários sistemas planetários.

VERSOS 9-10: O senhor Brahmā, o mestre de todo o universo, chegou ali acompanhado por todos os semideuses e seus líderes. Vendo as linhas da palma da mão do Senhor Viṣṇu na mão direita do rei Pṛthu e impressões de flores de lótus nas solas de seus pés, o senhor Brahmā pôde entender que o rei Pṛthu era uma representação parcial da Suprema Personalidade de Deus. Uma pessoa cuja palma da mão tem o sinal de um disco, bem como outras linhas semelhantes, deve ser considerada uma representação ou encarnação parcial do Senhor Supremo.

VERSO 11: Os brāhmaṇas eruditos, que eram muito apegados às cerimônias ritualísticas védicas, providenciaram, então, a coroação do rei. Pessoas de todas as direções coletaram toda espécie de parafernália para a cerimônia. Assim, tudo ficou pronto.

VERSO 12: Todos os rios, mares, colinas, montanhas, serpentes, vacas, pássaros, animais, planetas celestiais, o planeta Terra e todas as demais entidades vivas coletaram vários presentes, de acordo com suas capacidades, para oferecê-los ao rei.

VERSO 13: Assim, o grande rei Pṛthu, primorosamente vestido com roupas e adornos, foi coroado e instalado no trono. O rei e sua esposa, Arci, que também estava primorosamente enfeitada, pareciam exatamente como o fogo.

VERSO 14: O grande sábio continuou: Meu querido Vidura, Kuvera presenteou o grande rei Pṛthu com um trono de ouro. O semideus Varuṇa o presenteou com um guarda-sol que constantemente borrifava finíssimas partículas d’água e era brilhante como a Lua.

VERSO 15: O semideus do ar, Vāyu, presenteou o rei Pṛthu com dois abanos [cāmaras] de pelo; o rei da religião, Dharma, presenteou-o com uma guirlanda de flores que expandiria sua fama; o rei do céu, Indra, presenteou-o com um elmo precioso, e o superintendente da morte, Yamarāja, presenteou-o com um cetro que ele usaria para governar o mundo.

VERSO 16: O senhor Brahmā presenteou o rei Pṛthu com uma veste protetora feita de conhecimento espiritual. Bhāratī [Sarasvatī], a esposa de Brahmā, deu-lhe um colar transcendental. O Senhor Viṣṇu o presenteou com um disco Sudarśana, e a esposa do Senhor Viṣṇu, a deusa da fortuna, deu-lhe opulências imperecíveis.

VERSO 17: O senhor Śiva o presenteou com uma espada dentro de uma bainha gravada com dez luas, e sua esposa, a deusa Durgā, presenteou-o com um escudo marcado com cem luas. O semideus da Lua presenteou-o com cavalos feitos de néctar, e o semideus Viśvakarmā deu-lhe de presente uma belíssima quadriga.

VERSO 18: O semideus do fogo, Agni, presenteou-o com um arco feito com os chifres de bodes e vacas. O deus do Sol presenteou-o com flechas tão brilhantes como o brilho do Sol. A deidade predominante de Bhūrloka presenteou-o com sandálias repletas de poder místico. Dia após dia, os semideuses do espaço exterior trouxeram-lhe presentes sob a forma de flores.

VERSO 19: Os semideuses que sempre viajam pelo espaço exterior deram ao rei Pṛthu as artes de encenar peças teatrais, entoar canções, tocar instrumentos musicais e desaparecer segundo sua vontade. Os grandes sábios, também, concederam-lhe bênçãos infalíveis. O oceano ofereceu-lhe um búzio produzido pelo oceano.

VERSO 20: Os mares, montanhas e rios deram-lhe passagem para que ele dirigisse sua quadriga sem obstáculos, e um sūta, um māgadha e um vandī ofereceram-lhe orações e louvores. Todos eles se apresentaram perante o rei para cumprir seus respectivos deveres.

VERSO 21: Assim, ao ver os profissionais diante dele, o poderosíssimo rei Pṛthu, filho de Vena, congratulou-os com um sorriso e, com a gravidade do trovejar de nuvens, falou o seguinte.

VERSO 22: O rei Pṛthu disse: Ó amáveis sūta, māgadha e devoto que oferece orações, as qualidades das quais falastes não são distintas em mim. Por que, então, deveríeis louvar-me por todas essas qualidades quando elas não repousam em mim? Não quero que essas palavras a mim destinadas sejam em vão. É melhor, portanto, que elas sejam oferecidas a outrem.

VERSO 23: Ó amáveis recitadores, oferecei tais orações no devido curso do tempo, quando as qualidades das quais falastes realmente se manifestarem em mim. O cavalheiro que oferece orações à Suprema Personalidade de Deus não atribui semelhantes qualidades a um ser humano, que realmente não as tem.

VERSO 24: Como poderia um homem inteligente, competente o bastante para possuir tão elevadas qualidades, permitir a seus seguidores que o louvassem se realmente não as tivesse? Louvar um homem dizendo que se ele fosse educado poderia tornar-se um grande erudito ou uma grande personalidade não passa de um processo de enganação. Uma pessoa tola que concorda em aceitar tal louvor não sabe que essas palavras simplesmente a insultam.

VERSO 25: Assim como uma pessoa com um senso de honra e magnanimidade não gosta de ouvir falar sobre suas ações abomináveis, uma pessoa que é muito famosa e poderosa não gosta de ouvir outros a louvarem-na.

VERSO 26: O rei Pṛthu continuou: Meus queridos devotos, liderados pelo sūta, no momento não sou muito famoso por minhas atividades pessoais porque nada fiz que fosse digno de louvor e que vós pudésseis glorificar. Portanto, como eu poderia ocupar-vos em louvar minhas atividades exatamente como se fosseis crianças?

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