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CAPÍTULO UM

O Senhor Supremo É Igual com Todos

Neste capítulo, em resposta a uma pergunta formulada por Mahārāja Parīkṣit, Śukadeva Gosvāmī apresenta suas conclusões sobre como a Suprema Personalidade de Deus, embora sendo a Superalma, amigo e protetor de todos, matou os Daityas, os demônios, em benefício de Indra, o rei dos céus. Em suas afirmações, ele refuta por completo os argumentos das pessoas em geral que acusam o Senhor Supremo de parcialidade. Śukadeva Gosvāmī prova que, como o corpo da alma condicionada é afligido pelas três qualidades da natureza, surgem dualidades, tais como inimizade e amizade, apego e desapego. Para a Suprema Personalidade de Deus, entretanto, não existem semelhantes dualidades. Nem mesmo o tempo eterno pode controlar as atividades do Senhor. O tempo eterno, criado pelo Senhor, age sob Seu controle. A Suprema Personalidade de Deus, portanto, é sempre transcendental à influência exercida pelos modos da natureza, māyā, a energia externa do Senhor, que age tanto na criação quanto na aniquilação. Por conseguinte, todos os demônios mortos pelo Senhor Supremo alcançam a salvação imediatamente.

A segunda pergunta apresentada por Parīkṣit Mahārāja se refere a como é que Śiśupāla, embora desde sua infância fosse inimigo de Kṛṣṇa e sempre blasfemasse Kṛṣṇa, alcançou a salvação e se tornou uno com Kṛṣṇa quando Kṛṣṇa o matou. Śukadeva Gosvāmī explica que, devido a suas ofensas aos pés dos devotos, Jaya e Vijaya, dois assistentes do Senhor em Vaikuṇṭha, tornaram-se Hiraṇyakaśipu e Hiraṇyākṣa em Satya-yuga, Rāvaṇa e Kumbhakarṇa no yuga seguinte, Tretā-yuga, e Śiśupāla e Dantavakra no final da Dvāpara-yuga. Devido às suas atividades fruitivas, Jaya e Vijaya concordaram em se tornar inimigos do Senhor e, quando foram mortos com essa mentalidade, alcançaram a salvação e imergiram na unidade. Logo, mesmo aquele que sente inveja ao pensar na Suprema Personalidade de Deus, alcança a salvação. O que dizer, então, dos devotos que, com amor e fé, sempre se ocupam a serviço do Senhor?

VERSO 1: O rei Parīkṣit perguntou: Meu querido brāhmaṇa, Viṣṇu, a Suprema Personalidade de Deus, sendo o benquerente de todos, é equânime e extremamente querido a todos. Então, como aconteceu de, em benefício de Indra, Ele Se tornar parcial como um homem comum e, dessa maneira, matar os inimigos de Indra? Como uma pessoa que é igual com todos pode demonstrar parcialidade por alguns e ter inimizade com outros?

VERSO 2: O próprio Senhor Viṣṇu, a Suprema Personalidade de Deus, é o reservatório de todo o prazer. Portanto, o que Ele teria a ganhar aliando-Se aos semideuses? Que interesse Ele satisfaria ao agir dessa maneira? Uma vez que o Senhor é transcendental, por que Ele deveria temer os asuras, e por que haveria de invejá-los?

VERSO 3: Ó brāhmaṇa afortunadíssimo e erudito, se Nārāyaṇa é parcial ou imparcial se tornou uma grande dúvida. Por favor, dissipa minha dúvida, apresentando evidências positivas de que Nārāyaṇa sempre é neutro e igual com todos.

VERSOS 4-5: O grande sábio Śukadeva Gosvāmī disse: Meu querido rei, tu me apresentaste uma pergunta excelente. As conversas em que se fala das atividades do Senhor, nas quais também se encontram as glórias dos Seus devotos, são extremamente agradáveis aos devotos. Esses tópicos maravilhosos sempre eliminam as dores do modo de vida materialista. Portanto, grandes sábios do quilate de Nārada estão sempre comentando o Śrīmad-Bhāgavatam, pois isso propicia a todos a oportunidade de ouvir e cantar sobre as maravilhosas atividades do Senhor. Ofereço minhas respeitosas reverências a Śrīla Vyāsadeva e, então, começo a descrever os tópicos pertinentes às atividades do Senhor Hari.

VERSO 6: Como sempre é transcendental às qualidades materiais, Viṣṇu, a Suprema Personalidade de Deus, é chamado nirguṇa, ou seja, sem qualidades. Porque Ele é não-nascido, Ele não tem um corpo material que O faça ficar sujeito ao apego e ao ódio. Embora o Senhor sempre esteja situado além da existência material, Ele, através de Sua potência espiritual, apareceu e agiu como um ser humano comum, aceitando deveres e obrigações como se Ele fosse uma alma condicionada.

VERSO 7: Meu querido rei Parīkṣit, todas as qualidades materiais – sattva-guṇa, rajo-guṇa e tamo-guṇa – pertencem ao mundo material e nem mesmo tocam a Suprema Personalidade de Deus. Esses três guṇas não podem agir aumentando e diminuindo simultaneamente.

VERSO 8: Quando a qualidade da bondade é proeminente, os sábios e semideuses florescem com a ajuda dessa qualidade, a qual o Senhor Supremo infunde profusamente neles. De modo semelhante, quando o modo da paixão é proeminente, florescem os demônios, e quando o modo da ignorância é proeminente, florescem os Yakṣas e Rākṣasas. A Suprema Personalidade de Deus está presente no coração de todos, fomentando as reações produzidas por sattva-guṇa, rajo-guṇa e tamo-guṇa.

VERSO 9: A onipenetrante Personalidade de Deus existe dentro do corações de todos os seres vivos, e um pensador habilidoso pode, em maior ou menor intensidade, perceber essa Sua presença. Assim como alguém pode depreender a quantidade de fogo na madeira, a quantidade de água em um cântaro ou a quantidade de ar em um pote, ele pode também entender se uma entidade viva é um demônio ou um semideus através das atividades devocionais dessa entidade viva. Ao ver as ações de determinada pessoa, um homem inteligente pode entender até que ponto ela é favorecida pelo Senhor Supremo.

VERSO 10: Quando a Suprema Personalidade de Deus cria diferentes classes de corpos, oferecendo a cada entidade viva um determinado tipo de corpo a ela concedido de acordo com seu caráter e ações fruitivas, o Senhor desperta todas as qualidades da natureza material – sattva-guṇa, rajo-guṇa e tamo-guṇa. Então, como a Superalma, Ele entra em cada corpo e age sobre as qualidades de criação, manutenção e aniquilação, usando sattva-guṇa para manutenção, rajo-guṇa para criação e tamo-guṇa para aniquilação.

VERSO 11: Ó grande rei, a Suprema Personalidade de Deus, o controlador das energias material e espiritual, que, com certeza, é o criador de todo o cosmo, cria o fator tempo para permitir que a energia material e a entidade viva ajam dentro dos limites do tempo. Mas a Suprema Personalidade de Deus jamais fica sob a influência do fator tempo ou sob o controle da energia material.

VERSO 12: Ó rei, o fator tempo intensifica sattva-guṇa. Assim, embora seja o controlador, o Senhor Supremo favorece os semideuses, que estão situados principalmente em sattva-guṇa. Então, os demônios, que estão sob o influxo de tamo-guṇa, são aniquilados. O Senhor Supremo induz o fator tempo a agir de diferentes maneiras, mas Ele jamais é parcial. Ao contrário, Suas atividades são gloriosas, daí Ele ser chamado de Uruśravā.

VERSO 13: Em outra ocasião, ó rei, quando Mahārāja Yudhiṣṭhira estava realizando o sacrifício Rājasūya, o grande sábio Nārada, respondendo à sua pergunta, recitou fatos históricos mostrando como a Suprema Personalidade de Deus sempre é imparcial, mesmo quando mata os demônios. Com relação a isso, ele deu um exemplo vívido.

VERSOS 14-15: Ó rei, no sacrifício Rājasūya, Mahārāja Yudhiṣṭhira, o filho de Mahārāja Pāṇḍu, viu pessoalmente Śiśupāla se fundir no corpo de Kṛṣṇa, o Senhor Supremo. Portanto, ficando muito espantado, ele perguntou sobre a razão disso ao grande sábio Nārada, que estava sentado ali. Enquanto ele perguntava, todos os sábios presentes também o ouviram fazer sua indagação.

VERSO 16: Mahārāja Yudhiṣṭhira perguntou: É muito maravilhoso que o demônio Śiśupāla tenha imergido no corpo da Suprema Personalidade de Deus, muito embora esse demônio fosse extremamente invejoso. Nem mesmo grandes transcendentalistas são capazes de atingir esse sāyujya-mukti. Então, como foi que um inimigo do Senhor obteve isso?

VERSO 17: Ó grande sábio, estamos todos ansiosos por saber a causa dessa misericórdia do Senhor. Ouvi dizer que, outrora, um rei chamado Vena blasfemou a Suprema Personalidade de Deus e que todos os brāhmaṇas, em consequência disso, obrigaram-no a ir para o inferno. Śiśupāla também deveria ter sido enviado para o inferno. Então, como foi que ele se fundiu na existência do Senhor?

VERSO 18: Desde o começo de sua infância, quando ainda era incapaz de falar corretamente, Śiśupāla, o pecaminosíssimo filho de Damaghoṣa, começou a blasfemar o Senhor e, até a morte, continuou a ter inveja de Śrī Kṛṣṇa. Do mesmo modo, seu irmão Dantavakra continuou com os mesmos hábitos.

VERSO 19: Embora esses dois homens – Śiśupāla e Dantavakra – sempre blasfemassem a Suprema Personalidade de Deus, o Senhor Viṣṇu [Kṛṣṇa], o Brahman Supremo, eles gozaram de perfeita saúde. Na verdade, suas línguas não estavam atacadas por lepra branca, tampouco eles entraram nas mais escuras regiões da vida infernal. Por certo que estamos muito surpresos com isso.

VERSO 20: Como foi possível que Śiśupāla e Dantavakra, na presença de muitas pessoas importantes, entrassem muito facilmente no corpo de Kṛṣṇa, cuja natureza é difícil de ser alcançada?

VERSO 21: Este assunto é indubitavelmente muito maravilhoso. Na verdade, minha inteligência ficou perturbada, assim como a chama de uma vela se agita pelo vento que sopra. Ó Nārada Muni, conheces tudo. Por favor, revela-me a causa desse acontecimento maravilhoso.

VERSO 22: Śrī Śukadeva Gosvāmī disse: Após ouvir o pedido de Mahārāja Yudhiṣṭhira, Nārada Muni, o poderosíssimo mestre espiritual, que conhecia tudo, ficou muito satisfeito. Então, ele respondeu na presença de todos os participantes do yajña.

VERSO 23: O grande sábio Śrī Nāradaji falou: Ó rei, blasfêmias e louvores, castigo e recompensa são produtos da ignorância. O Senhor planeja para a alma condicionada um corpo que, sob a ação da energia externa, sofrerá no mundo material.

VERSO 24: Meu querido rei, a alma condicionada, estando no conceito de vida corpórea, considera seu corpo como seu eu e considera tudo em relação a seu corpo como sendo seu. Porque ela tem essa concepção de vida errônea, está sujeita às dualidades, tais como louvor e insulto.

VERSO 25: Devido ao conceito de vida corpórea, a alma condicionada pensa que, quando o corpo é aniquilado, o ser vivo é aniquilado. O Senhor Viṣṇu, a Suprema Personalidade de Deus, é o controlador supremo, a Superalma de todas as entidades vivas. Visto que Ele não tem um corpo material, Ele não tem o falso conceito de “eu e meu”. Portanto, é incorreto pensar que Ele sente prazer ou dor quando alguém O blasfema ou Lhe oferece orações. Isso não se aplica a Ele. Assim, Ele não tem inimigo nem amigo. Quando castiga os demônios, é para o bem deles, e, quando aceita as orações dos devotos, é para o bem deles. Ele não é afetado nem pelas orações, nem pelas blasfêmias.

VERSO 26: Portanto, em estado de inimizade ou de serviço devocional, de medo, de afeição ou de desejo luxurioso – em todas essas atitudes ou em qualquer uma dessas circunstâncias –, se, de alguma forma, a alma condicionada concentra sua mente no Senhor, o resultado é o mesmo, pois o Senhor, devido à Sua posição bem-aventurada, jamais é afetado por inimizade ou amizade.

VERSO 27: Nārada Muni prosseguiu: Através do serviço devocional, ninguém pode absorver-se em pensar tão intensamente na Suprema Personalidade de Deus como o pode aquele que Lhe tem inimizade. Esta é a minha opinião.

VERSOS 28-29: Confinada em um buraco da parede por uma vespa, uma taturana, por medo e inimizade, sempre pensa na vespa e, mais tarde, torna-se uma vespa simplesmente devido a essa lembrança. Igualmente, se uma alma condicionada, de alguma forma, pensar em Kṛṣṇa, que é sac-cid-ānanda-vigraha, ela se livrará de seus pecados. A pessoa talvez pense nEle como seu Senhor adorável, ou talvez pense nEle como seu inimigo, mas, como pensa constantemente nEle, recobrará seu corpo espiritual.

VERSO 30: Muitas e muitas pessoas alcançaram a liberação simplesmente pensando em Kṛṣṇa com muita atenção e abandonando as atividades pecaminosas. Essa grande atenção pode ser decorrente dos desejos luxuriosos, sentimentos inamistosos, medo, afeição ou serviço devocional. Passarei a explicar, então, como é que alguém pode receber a misericórdia de Kṛṣṇa simplesmente concentrando sua mente nEle.

VERSO 31: Meu querido rei Yudhiṣṭhira, as gopīs, através de seus desejos luxuriosos; Kaṁsa, através de seu medo; Śiśupāla e outros reis, através da inveja; os Yadus, por sua relação familiar com Kṛṣṇa; vós, os Pāṇḍavas, por vossa grande afeição a Kṛṣṇa, e nós, os devotos em geral, por nosso serviço devocional, obtivemos a misericórdia de Kṛṣṇa.

VERSO 32: De alguma maneira, deve-se apreciar a forma de Kṛṣṇa muito seriamente. Então, através de um dos cinco diferentes processos mencionados acima, pode-se retornar ao lar, retornar ao Supremo. Entretanto, os ateístas como o rei Vena, sendo incapazes de pensar na forma de Kṛṣṇa em qualquer uma dessas cinco maneiras, não podem alcançar a salvação. Portanto, deve-se pensar em Kṛṣṇa de alguma maneira, seja amistosa, seja inamistosa.

VERSO 33: Nārada Muni continuou: Ó melhor dos Pāṇḍavas, teus dois primos Śiśupāla e Dantavakra, filhos de tua tia materna, anteriormente foram associados do Senhor Viṣṇu, mas, como foram amaldiçoados pelos brāhmaṇas, saíram de Vaikuṇṭha para caírem neste mundo material.

VERSO 34: Mahārāja Yudhiṣṭhira perguntou: Que tipo de grande maldição poderia ter afetado até mesmo viṣṇu-bhaktas liberados, e que categoria de pessoas poderia amaldiçoar até mesmo os associados do Senhor? É impossível que resolutos devotos do Senhor voltem a cair neste mundo material. Nisso eu não posso acreditar.

VERSO 35: Os corpos dos habitantes de Vaikuṇṭha são inteiramente espirituais, não tendo qualquer conexão com o corpo, sentidos ou ar vital materiais. Portanto, por favor, explica como os associados da Personalidade de Deus foram amaldiçoados e receberam corpos materiais como pessoas comuns.

VERSO 36: O grande santo Nārada disse: Certa vez, quando os quatro filhos do senhor Brahmā, chamados Sanaka, Sanandana, Sanātana e Sanat-kumāra, vagavam pelos três mundos, chegaram por acaso a Viṣṇuloka.

VERSO 37: Embora esses quatro grandes sábios fossem mais velhos do que os outros filhos de Brahmā, tais como Marīci, eles pareciam criancinhas de apenas cinco ou seis anos de idade que andavam despidas. Quando Jaya e Vijaya os viram tentando entrar em Vaikuṇṭhaloka, esses dois porteiros, julgando-os crianças comuns, impediram sua entrada.

VERSO 38: Com sua passagem obstruída pelos porteiros Jaya e Vijaya, Sanandana e os outros grandes sábios ficaram muito irados e os amaldiçoaram. “Seus dois porteiros tolos”, disseram eles. “Estando agitados pelas qualidades materiais de paixão e ignorância, sois incapazes de viver sob o refúgio dos pés de lótus de Madhudviṣa, que são livres desses modos. Seria melhor que fósseis imediatamente ao mundo material e nascêsseis em família de asuras pecaminosíssimos.”

VERSO 39: Enquanto Jaya e Vijaya, tendo recebido essa maldição que os sábios lançaram sobre eles, caíam ao mundo material, ouviram as seguintes palavras serem proferidas pelos mesmos sábios, que eram muito bondosos com eles. “Ó porteiros, após três nascimentos, podereis retornar à vossa posição em Vaikuṇṭha, pois, nesse tempo, o prazo da maldição estará encerrado.”

VERSO 40: Mais tarde, esses dois associados do Senhor – Jaya e Vijaya – desceram ao mundo material, nascendo como dois filhos de Diti, sendo Hiraṇyakaśipu o mais velho e Hiraṇyākṣa o mais novo. Eles eram muito respeitados pelos Daityas e Dānavas [espécies demoníacas].

VERSO 41: Aparecendo como Nṛsiṁhadeva, a Suprema Personalidade de Deus, Śrī Hari, matou Hiraṇyakaśipu. Quando o Senhor resgatou o planeta Terra, que caíra no Oceano Garbhodaka, Hiraṇyākṣa tentou interpor-se a Ele, momento no qual o Senhor, como Varāha, matou Hiraṇyākṣa.

VERSO 42: Desejando matar seu filho Prahlāda, que era um grande devoto do Senhor Viṣṇu, Hiraṇyakaśipu lhe infligiu vários tipos de tortura.

VERSO 43: O Senhor, a Superalma de todas as entidades vivas, é sóbrio, pacífico e igual com todos. Uma vez que o grande devoto Prahlāda era protegido pela potência do Senhor, Hiraṇyakaśipu foi incapaz de matá-lo, apesar de tudo o que fez na esperança de lograr seu intento.

VERSO 44: Depois disso, os mesmos Jaya e Vijaya, os dois porteiros do Senhor Viṣṇu, nasceram como Rāvaṇa e Kumbhakarṇa, os quais Viśravā gerou no ventre de Keśinī. Eles causaram problemas descomunais à toda a população do universo.

VERSO 45: Nārada Muni prosseguiu: Meu querido rei, simplesmente para libertar Jaya e Vijaya da maldição lançada pelos brāhmaṇas, o Senhor Rāmacandra apareceu com o intento de matar Rāvaṇa e Kumbhakarṇa. Quanto às narrações das atividades do Senhor Rāmacandra, seria melhor que procurasses Mārkaṇḍeya para ouvi-lo recitá-las.

VERSO 46: Em seu terceiro nascimento, os mesmos Jaya e Vijaya, como primos teus e filhos de tua tia, apareceram em uma família de kṣatriyas. Visto que o Senhor Kṛṣṇa os golpeou com Seu disco, todas as reações pecaminosas deles foram destruídas, e agora eles estão livres da maldição.

VERSO 47: Esses dois associados do Senhor Viṣṇu – Jaya e Vijaya – mantiveram por muito tempo o seu sentimento de inimizade. Como viviam pensando em Kṛṣṇa dessa maneira, conseguiram reaver o refúgio do Senhor e regressaram ao lar, regressaram ao Supremo.

VERSO 48: Mahārāja Yudhiṣṭhira perguntou: Ó meu senhor, Nārada Muni, por que havia tanta inimizade entre Hiraṇyakaśipu e seu amado filho Prahlāda Mahārāja? Como Prahlāda Mahārāja se tornou tão grande devoto do Senhor Kṛṣṇa? Por favor, explica-me isso.

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